Em um discurso contundente no plenário do Senado nesta quarta-feira (18), o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), manifestou forte desaprovação à conduta do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, sem mencionar seu nome diretamente. Alcolumbre também teceu críticas à forma como o governo federal tem explorado o episódio, intensificando a polarização política.
“Não dá para eu ver, todos os dias, um deputado federal do Brasil, eleito pelo povo de São Paulo, lá nos Estados Unidos, instigando um país contra o meu país”, declarou Alcolumbre, referindo-se à presença de Eduardo Bolsonaro em Washington, onde busca apoio para sanções americanas contra o Brasil, em resposta à condenação de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Alcolumbre expressou preocupação com a disseminação de informações por parte do deputado, alegando que Donald Trump poderia impor novas tarifas e medidas restritivas a autoridades, ao Parlamento, ao Judiciário e ao Executivo brasileiros. “Fica um nos Estados Unidos, dizendo que o residente dos Estados Unidos vai enviar novas sanções ao Brasil, cobrando e atrapalhando o país”, lamentou o senador.
A insatisfação de Alcolumbre se estendeu ao governo federal, que tem adotado um tom nacionalista em resposta às ações de Eduardo Bolsonaro. O presidente do Senado ironizou o slogan usado por aliados do presidente Lula, afirmando: “Como é cômodo agredir e dizer que o Brasil é dos brasileiros”.
A manifestação de Alcolumbre surge em meio a críticas do senador Eduardo Girão (Novo-CE), que o acusou de negligenciar suas responsabilidades como presidente do Senado e de não dar andamento a pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Alcolumbre justificou sua ausência, alegando problemas de saúde. Ele também respondeu a cobranças sobre o afastamento de Eduardo Bueno, o “Peninha”, do Conselho Editorial do Senado, informando que já havia solicitado e obtido o afastamento.
“Não dá, com todo o respeito, para eu aceitar todas essas agressões calado”, desabafou Alcolumbre, sinalizando uma postura mais ativa em resposta às pressões políticas. Ele enfatizou que se organizará para responder a todos os questionamentos com respeito e maturidade, expressando sua perplexidade diante do cenário político atual. Esta foi a segunda vez em um mês que Alcolumbre expressou publicamente seu desconforto com a polarização política.