A rotina em São Paulo, a maior metrópole da América Latina, tem sido marcada por cenas preocupantes: vidros de carros estilhaçados e pessoas com celulares presos ao corpo na vã esperança de evitar o crime. Dados da Secretaria de Segurança Pública do estado revelam que, entre janeiro e julho de 2025, foram registrados 35.385 casos de roubo e furto de celulares, o que corresponde a uma média de 168 ocorrências por dia – ou seja, um aparelho subtraído a cada nove minutos.
Embora o número seja alarmante, houve uma diminuição de 13,3% em comparação com o mesmo período de 2024, quando foram contabilizados 40.821 casos. Contudo, essa redução não diminui a sensação de insegurança. A receptação de celulares roubados continua sendo um dos maiores desafios para as autoridades, já que os aparelhos são rapidamente escondidos, muitas vezes em imóveis localizados no centro da capital, dificultando as operações policiais.
Um exemplo recente da ousadia dos criminosos ocorreu com a repórter Danúbia Braga, da Jovem Pan News, que foi vítima de uma tentativa de roubo enquanto se deslocava de táxi pela rua Asdrúbal do Nascimento, próximo à avenida 23 de Maio. O crime foi evitado graças ao alerta do motorista, mas o bandido quebrou o vidro do veículo, ferindo a jornalista e o cinegrafista Guilherme Cassiano com os estilhaços. O caso foi registrado em boletim de ocorrência.
A problemática da receptação tem sido debatida em diversas esferas. Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan News, o Secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubo, defendeu o Projeto de Lei que visa aumentar a pena para o crime de receptação. Segundo ele, a medida é fundamental para desestimular o mercado de celulares roubados e combater o problema em nível nacional.
Mesmo com a proposta de endurecimento da legislação, a audácia dos criminosos permanece. Relatos de testemunhas, inclusive deste colunista, revelam que muitos infratores, mesmo após serem detidos e liberados em audiências de custódia, zombam da lei e expressam a intenção de retornar às ruas para “cumprir a meta diária” de roubos. O cenário reforça a percepção de que o uso do celular, ferramenta que deveria facilitar a vida, torna-se cada vez mais restrito em São Paulo, onde o crime, infelizmente, parece compensar.