A megaoperação policial que assolou os Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (28), continua a gerar comoção e revolta. Em entrevista exclusiva ao BacciNotícias, Beatriz Nolasco, tia de Yago Ravel Rodrigues, de 19 anos, morto na ação, revelou detalhes chocantes sobre a descoberta do corpo do sobrinho, alegando que ele foi torturado e decapitado. A família contesta a versão de que Yago teria morrido em confronto, levantando sérias questões sobre a conduta dos agentes envolvidos.
Segundo dados oficiais, a Operação Contenção, que mobilizou cerca de 2,5 mil policiais civis e militares, resultou em 121 mortes, incluindo a de dois policiais civis e dois oficiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). As demais vítimas seriam, segundo as autoridades, membros da facção Comando Vermelho (CV). No entanto, a forma brutal como Yago Ravel foi encontrado, com a cabeça decepada e amarrada a uma árvore, lançou uma sombra de dúvida sobre a legalidade e a proporcionalidade da ação policial.
“Da forma que foi, acho que foi desumano. Ele não tinha tiro pelo corpo, o laudo médico diz que ele foi torturado e depois decapitado”, desabafou Beatriz, destacando a discrepância entre a versão oficial e o laudo do Instituto Médico Legal (IML). A tia relatou ainda o trauma da mãe de Yago ao encontrar o corpo do filho na mata, local onde os policiais teriam encurralado os integrantes do CV durante o confronto.
Ainda de acordo com o relato de Beatriz, a família desconhecia qualquer envolvimento de Yago com o crime organizado. “Ele nunca comentou pra gente da família que estava envolvido [com o crime]. Apareceram várias fotos na rede social, dele armado, e a gente nunca tinha visto, ele bloqueava a família”, afirmou. Para a família, Yago era conhecido como um jovem “muito bom, muito educado, amoroso, carinhoso, família”.
Apesar de admitir que o sobrinho vivia “um mundo louco” e que “no momento da ação, realmente, ele estava no lugar errado, na hora errada”, Beatriz questiona o tratamento desumano dado a Yago. A declaração da tia reacende o debate sobre os limites da violência policial em operações de segurança pública e a necessidade de investigar denúncias de abusos e execuções sumárias em comunidades carentes.


