A tensão na Faixa de Gaza se intensificou nesta quarta-feira (29) com um novo ataque israelense a um suposto depósito de armas. O movimento ocorre após a noite mais violenta desde o início do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, quebrando a breve trégua e levantando temores de uma retomada do conflito em larga escala. O Exército de Israel justificou a ação como necessária para neutralizar ameaças iminentes, enquanto o Hamas adverte sobre o impacto nos esforços de recuperação de corpos de reféns.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) informaram ter realizado um “ataque de precisão” em Beit Lahia, no norte de Gaza, alegando que o alvo continha armamentos destinados a um ataque terrorista. “As tropas israelenses permanecerão posicionadas segundo o acordo de cessar-fogo e continuarão operando para eliminar qualquer ameaça imediata”, declarou o Exército em comunicado. A escalada põe em xeque a durabilidade do acordo de cessar-fogo, já abalado por acusações mútuas de violação.
O ataque israelense mais recente, segundo fontes médicas palestinas, resultou na morte de dois palestinos. O hospital Al Shifa, na Cidade de Gaza, confirmou as mortes, enquanto a Defesa Civil local reportou que os bombardeios da noite anterior causaram a morte de 104 pessoas, incluindo 46 crianças e 24 mulheres. A retomada das hostilidades agrava a já crítica situação humanitária na Faixa de Gaza.
A onda de bombardeios israelenses foi desencadeada pela morte de um soldado em Gaza na terça-feira, levando o Exército a intensificar suas operações na região. Em resposta, o Hamas negou envolvimento no incidente em Rafah e reafirmou seu compromisso com o cessar-fogo. No entanto, o grupo adiou a entrega dos restos mortais de um refém falecido, alertando que qualquer “escalada” dificultaria a busca e recuperação de corpos.
A disputa em torno da entrega dos corpos de reféns mortos ameaça a sustentabilidade do acordo de cessar-fogo, que conta com o apoio dos Estados Unidos e de mediadores regionais como Egito, Turquia e Catar. Israel acusa o Hamas de descumprir o pacto ao não devolver os restos mortais dentro do prazo, enquanto o grupo palestino alega que localizar os corpos sob os escombros de Gaza demanda tempo e recursos significativos. O impasse agrava a desconfiança mútua e dificulta a busca por uma solução duradoura para o conflito.
O conflito atual teve início com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.221 pessoas em Israel, a maioria civis. A ofensiva israelense lançada em resposta causou a morte de 68.643 pessoas na Faixa de Gaza, também civis em sua maioria, segundo números do Ministério da Saúde do Hamas. Os números da guerra ilustram a devastação e o sofrimento de ambos os lados, evidenciando a urgência de um cessar-fogo duradouro e de uma solução política para o conflito.


