O Peru vive mais um capítulo de sua intensa instabilidade política com a posse de José Jerí, de 38 anos, como presidente interino. Jerí assume o cargo após o impeachment de Dina Boluarte, elevando para sete o número de presidentes que passaram pelo Palácio do Governo em apenas cinco anos. O novo mandatário herda um país mergulhado em uma crise de segurança e já anunciou suas prioridades.
Em suas primeiras declarações, Jerí apelou à “calma e tranquilidade” e prometeu priorizar o combate à criminalidade, que se tornou um dos principais problemas do país. Uma das primeiras medidas do presidente foi liderar uma operação federal em presídios na madrugada deste sábado, com o objetivo de combater a extorsão originada dentro das cadeias. A ação resultou na apreensão de celulares em posse de detentos.
“O crime não descansa, nós também não. Seguiremos combatendo a delinquência nas 24 horas do dia, nos sete dias da semana. Sem trégua, sem medo e com decisão”, declarou Jerí em suas redes sociais, acompanhado por forças policiais. A declaração demonstra a determinação do novo governo em enfrentar a crescente criminalidade no país.
Advogado e político de direita, Jerí ascendeu rapidamente na política peruana, chegando à presidência do Congresso em julho. Diante do Parlamento, ele reafirmou seu compromisso com o combate ao crime organizado e a realização de eleições “transparentes” em 2026. “O principal inimigo está nas ruas, nas gangues e organizações criminosas. Eles são nossos inimigos hoje, e devemos declarar guerra a eles”, enfatizou.
A instabilidade política tem sido uma marca registrada do Peru nos últimos anos, com presidentes destituídos ou renunciando antes de enfrentar processos de impeachment. A “inabilidade política” de Dina Boluarte para conter o aumento da criminalidade foi apontada como um dos principais fatores que levaram ao seu impeachment. Jerí deve permanecer no cargo até julho de 2026, após as eleições presidenciais de abril.
Entretanto, a posse de Jerí reacendeu controvérsias. Uma acusação de abuso sexual feita contra ele em dezembro do ano passado voltou à tona, apesar de o caso ter sido arquivado. Além disso, postagens antigas com conteúdo considerado machista foram resgatadas nas redes sociais, gerando repercussão negativa.
Enquanto isso, a ex-presidente Dina Boluarte enfrenta uma investigação do Ministério Público por lavagem de dinheiro, referente a um caso supostamente ocorrido em 2019. O órgão solicitou à Justiça que ela seja impedida de deixar o país. Boluarte, que assumiu o governo em 2022 após outro impeachment, nega qualquer intenção de buscar asilo fora do Peru.



