A Polícia Federal обнаружила anotações manuscritas no porta-luvas de um dos carros de Jair Bolsonaro, revelando referências diretas à delação premiada de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid. A descoberta ocorreu durante buscas realizadas em julho, porém o material não foi inicialmente anexado ao inquérito de coação, no qual Bolsonaro já foi indiciado, por sua aparente irrelevância naquele contexto específico. Contudo, o conteúdo das anotações agora levanta novas questões sobre o conhecimento e as estratégias do ex-presidente em relação à colaboração de Cid.
Investigadores acreditam que os registros podem ter sido feitos pelo próprio Bolsonaro durante o interrogatório de Cid no Supremo Tribunal Federal, em junho. As anotações, segundo a PF, parecem delinear uma espécie de linha do tempo da colaboração premiada, destacando pontos considerados cruciais, possíveis estratégias de defesa e eventos envolvendo diversas autoridades. Essa interpretação sugere um acompanhamento minucioso por parte de Bolsonaro das declarações de seu ex-auxiliar.
Entre os trechos identificados, destacam-se menções a pagamentos e repasses financeiros, como: “Recebi o $ do Braga Netto e repassei p/ o major de Oliveira – pelo volume, menos de 100 mil”. Outras anotações incluem termos como “Min Fux”, referências à sua filha em Itatiba (SP), preocupações com a continuidade do governo e até menções a um possível “Plano de fuga – do GSI caso a Presidência fosse sitiada”. A variedade de tópicos abordados demonstra a abrangência das preocupações de Bolsonaro naquele período.
As anotações também revelam reflexões sobre a legalidade de ações no período pós-eleitoral. Em um trecho, Bolsonaro escreveu: “Nem cogitação houve. Decreto de golpe??? Golpe não é legal//, constituição, golpe é conspiração”. A PF aponta que os rabiscos indicam observações diretas sobre os pontos destacados por Cid em sua delação, demonstrando o acompanhamento próximo do ex-presidente.
Embora inicialmente consideradas irrelevantes para o inquérito de coação, as anotações agora chamam a atenção por detalhar percepções e possíveis estratégias de Bolsonaro diante das investigações. O caso permanece sob análise da Polícia Federal, que continua a investigar o material e seu contexto nos processos em que o ex-presidente está envolvido, podendo trazer novas implicações para as investigações em curso.