Eduardo Tagliaferro, ex-auxiliar do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), foi levado sob custódia para uma delegacia na Itália nesta quarta-feira (1º). A ação ocorre em meio a um pedido de extradição pendente, conforme informou sua defesa, que aguarda detalhes sobre os próximos passos legais. Preliminarmente, sabe-se que a medida cautelar visa impedir que Tagliaferro deixe a cidade onde se encontra.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Tagliaferro de crimes graves, incluindo violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A suspeita central é que ele teria divulgado à imprensa mensagens sigilosas trocadas entre servidores do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo a PGR, o ex-assessor teria repassado informações confidenciais, como petições e diálogos internos ligados ao ministro Moraes.
Em abril, Tagliaferro já havia sido indiciado pela Polícia Federal, culminando no bloqueio de suas contas por ordem do próprio Alexandre de Moraes. A relação entre os dois azedou quando Tagliaferro passou a acusar Moraes de manipular relatórios para justificar uma operação contra empresários alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022. Entre agosto de 2022 e julho de 2023, ele integrou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, período em que Moraes presidiu a Corte.
Ainda em setembro, Tagliaferro participou remotamente de uma sessão da Comissão de Segurança Pública do Senado, coincidentemente no dia em que se iniciava a fase final do julgamento de Bolsonaro, em ação relatada por Moraes. Na ocasião, ele reiterou alegações de supostas fraudes processuais atribuídas ao ministro e levantou suspeitas sobre ações extraprocessuais envolvendo o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Enquanto a polícia italiana adota medidas cautelares, o Ministério da Justiça avalia o pedido de extradição formalizado por Moraes em agosto. A complexidade da situação indica que os desdobramentos devem ocorrer nos próximos dias, dependendo dos trâmites legais entre Brasil e Itália.