Discurso Versus Realidade: A Transição Energética Global Patina Apesar das Promessas da ONU

A participação do Brasil na Assembleia Geral da ONU, juntamente com a recente carta assinada por 17 nações, expõe uma contradição central na agenda climática mundial. Embora os anúncios e compromissos se multipliquem, a implementação de medidas efetivas para a transição energética ainda não acompanha o ritmo necessário para mitigar a crise climática. A proposta de triplicar a capacidade instalada de energias renováveis e dobrar a eficiência energética até 2030, juntamente com a criação de um fórum internacional para investimentos, representam avanços teóricos importantes.

Apesar do discurso político uníssono sobre a urgência de acelerar a transição energética de forma justa e cooperativa, a realidade prática demonstra um cenário bem diferente. Grande parte dos países ainda não apresentou suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) atualizadas, metas essenciais previstas no Acordo de Paris. Além disso, o financiamento prometido para apoiar nações em desenvolvimento permanece aquém do necessário, com os 100 bilhões de dólares anuais não sendo plenamente entregues.

Em contrapartida, os gastos militares globais continuam a ascender, ultrapassando a marca de 2 trilhões de dólares anuais. Esse contraste gritante entre a velocidade da militarização e a lentidão da transição energética revela um abismo que discursos, por si só, não conseguem transpor. A carta em prol de uma transição justa representa um esforço diplomático significativo, especialmente com a aproximação da COP30 em Belém.

Entretanto, o desafio crucial reside na transformação de promessas em mecanismos concretos de financiamento, governança e monitoramento. Sem essa conversão, a disparidade entre o discurso e a ação persistirá como a marca registrada da política climática internacional. Conforme declarações recentes, a comunidade internacional reconhece a necessidade de “acelerar a transição” mas a ação coordenada e eficaz ainda se mostra distante.

Portanto, enquanto o Brasil se prepara para sediar a COP30, o mundo observa atentamente para ver se os compromissos assumidos se traduzirão em resultados tangíveis. A credibilidade da agenda climática global depende da capacidade de transformar palavras em ações e garantir um futuro sustentável para todos.