O brutal assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen em 2002 chocou o Brasil, mas detalhes macabros sobre o comportamento de Suzane von Richthofen e Daniel Cravinhos logo após o crime vieram à tona, causando ainda mais indignação. A frieza do casal ao tentar construir um álibi para a polícia e a sociedade revelou a premeditação por trás do ato horrendo.
Após a execução do casal Richthofen por Daniel e Cristian Cravinhos, a mando de Suzane, o plano para encobrir o crime entrou em ação. Daniel deixou o irmão próximo a sua casa e seguiu com Suzane para o motel Colonial, na zona sul de São Paulo. Lá, hospedaram-se na suíte presidencial e, na tentativa de confirmar sua presença durante o período do crime, fizeram um pedido incomum.
O casal solicitou uma Coca-Cola, um lanche e exigiu a emissão da nota fiscal, um fato que chamou a atenção das autoridades, pois era a primeira nota emitida pelo estabelecimento. De acordo com os registros, Suzane e Daniel permaneceram no motel entre 1h36 e 2h56.
Ao deixarem o motel, a dupla buscou Andreas, irmão de Suzane, e o levou até a residência de Daniel. Por volta das 4h da manhã, Suzane e Andreas retornaram à mansão dos Richthofen para simular um latrocínio. Suzane fingiu surpresa ao encontrar as portas abertas e, em seguida, ligou para Daniel e para o interior da própria casa, na presença do irmão.
Daniel Cravinhos contactou a polícia às 4h09, reportando uma suspeita de assalto na residência. O policial Alexandre Paulino Boto, o primeiro a chegar ao local, classificou a cena como amadora, observando que objetos de valor, como joias e celulares, não haviam sido levados. A atitude de Suzane também levantou suspeitas, em particular quando questionou os procedimentos a serem seguidos.
Ainda durante a investigação, Suzane perguntou sobre o estado dos pais, e demonstrou surpresa ao ouvir que eles estavam “bem”. Ao adentrar a residência, o policial Boto deparou-se com os corpos de Manfred e Marísia von Richthofen e, temendo a reação dos jovens, solicitou reforços. Familiares de Daniel também compareceram ao local.
“O pai de Daniel se encarregou de contar a notícia a Suzane e Andreas”, segundo relatos da época. “Enquanto Andreas ficou em choque, Suzane se aproximou do policial e perguntou ‘O que eu faço agora?'”. O comportamento do casal na delegacia também causou espanto. Suzane chegou a cochilar no ombro de Daniel, trocando carícias enquanto aguardavam para prestar depoimento.
Diante do delegado, Suzane proferiu a frase que marcaria o caso: “Eu gostaria que vocês matassem e torturassem esses caras que mataram meus pais”, acompanhada de um sorriso direcionado a Daniel. O caso Richthofen despertou grande interesse público, com milhares de pessoas se inscrevendo para acompanhar o julgamento. Em 2006, o Tribunal do Júri condenou Suzane e Daniel Cravinhos a 39 anos e 6 meses de prisão, e Cristian Cravinhos a 38 anos e 6 meses. No entanto, a legislação brasileira limita a pena máxima a 30 anos de reclusão.
A herança da família von Richthofen, avaliada em mais de R$ 11 milhões, foi objeto de uma longa batalha judicial. Em 2011, a Justiça declarou Suzane indigna de receber o patrimônio devido à sua condenação por matricídio. Após ter o pedido de pensão alimentícia negado, Suzane renunciou oficialmente à herança em 2014, em benefício de seu irmão, Andreas, que se manifestou publicamente sobre o crime, classificando os assassinos como “nojentos” e “baixos”.
Na prisão, Suzane envolveu-se em novas polêmicas, incluindo um casamento com outra detenta, que também havia sido namorada de Elize Matsunaga, condenada por matar e esquartejar o marido.