Após quatro décadas de luta, a agricultora aposentada Celeste Lucas da Silva, de 101 anos, enfim conseguiu realizar um sonho antigo: conquistar a aposentadoria por idade. Conhecida como “Vó Celeste”, a centenária de Bonfim (RR) dedicou a vida à roça, onde criou 15 filhos cultivando banana, mandioca, melancia e mamão, mas só em 2025 teve o direito reconhecido pela Justiça.
A primeira tentativa de aposentadoria ocorreu em 1985, logo após ficar viúva, mas a lei da época só permitia o benefício a um membro da família — geralmente o homem, como havia acontecido com o marido dela. Sem sucesso, Celeste passou a viver apenas da pensão. Uma nova solicitação foi feita em 2020, quando ela tinha 97 anos, e, após quase cinco anos de tramitação, a Justiça determinou em março de 2025 que ela teria direito ao benefício. O pagamento começou a ser feito em abril.
O processo contou com a ajuda do advogado Rhichard Magalhães, casado com uma das netas de Celeste, que precisou mudar a estratégia jurídica para garantir o reconhecimento. “Foi uma luta grande, mas ficamos com a sensação de dever cumprido por realizar o sonho dela”, afirmou.
Criada no campo, sem oportunidade de estudar, Celeste sempre se apoiou no trabalho agrícola para sustentar a família. Desde 1991, mora em Boa Vista com a filha mais nova, Elizabeth, que hoje cuida da rotina de remédios, consultas e alimentação da mãe.
A rotina de Vó Celeste permanece simples: acorda cedo, se alimenta bem e gosta de descansar na varanda. Mesmo aos 101 anos, ela ainda participa de pequenas tarefas, como descascar feijão, e valoriza a convivência com filhos, netos, bisnetos e tataranetos.
Prestes a completar 102 anos, a centenária celebra não apenas a longevidade, mas também a vitória após décadas de espera. “Dou graças a Deus pela aposentadoria. Estou feliz, recebo minha aposentadoria e a pensão, compro minhas coisas e assim vou vivendo, graças a Deus”, disse.



