França em Ebulição: Onda de Protestos Sacode o País Contra Cortes Orçamentários

A França enfrenta uma intensa onda de protestos em resposta às medidas de austeridade propostas pelo governo. Estima-se que cerca de 800 mil pessoas aderiram ao movimento “Vamos bloquear tudo”, espalhando-se por 250 cidades em todo o país. As manifestações ocorrem em um momento crucial, durante a discussão do orçamento de 2026 no parlamento francês, em um cenário de crescente dívida interna.

O pacote de medidas defendido pelo novo primeiro-ministro, Sebastian Lecnu, que assumiu o cargo há apenas uma semana, inclui cortes de gastos, aumento de impostos e a remoção de dois feriados, visando impulsionar a atividade econômica. A proposta de rejeitar a cobrança adicional sobre os mais ricos também inflamou os ânimos da população. A oposição de esquerda propõe taxar fortunas superiores a 100 milhões de euros com uma alíquota anual de 2%.

Os protestos tiveram um impacto significativo nos serviços essenciais em diversas regiões. Escolas, trens, metrôs e até mesmo farmácias foram forçados a suspender suas atividades. Em algumas cidades, a tensão escalou, resultando em confrontos entre manifestantes e policiais, além de registros de vandalismo e incêndios. O impasse também se manifesta no parlamento, onde a falta de consenso entre os diferentes blocos políticos dificulta a aprovação do ajuste fiscal.

A proposta de taxar os “super ricos” tem ganhado apoio popular, mas enfrenta forte resistência do empresariado, um dos principais pilares de apoio ao presidente Emmanuel Macron. Segundo analistas, Macron se encontra em uma encruzilhada: ceder à pressão popular pode enfraquecer sua base política e comprometer as chances de seu partido nas eleições de 2027. A expectativa é que o governo aguarde a diminuição da tensão para buscar negociações individuais com os diferentes grupos políticos.