Venezuela Intensifica Treinamento de Civis em Meio a Crescentes Tensões com os EUA

Em resposta a um cenário de crescente tensão com os Estados Unidos, a Venezuela iniciou, neste sábado (13), um programa de treinamento militar para civis. A iniciativa, que ocorre em diversos quartéis do país, visa capacitar a população no manuseio de armamentos de diferentes calibres, preparando-a para uma possível “luta armada”, conforme declarado pelo presidente Nicolás Maduro.

O governo venezuelano abriu mais de 300 quartéis para receber membros da Milícia Bolivariana, uma força civil criada durante a gestão de Hugo Chávez. O objetivo é fortalecer a capacidade de defesa do país em um momento de acirramento das relações com Washington. O general Miguel Yilales, da Zona Operativa de Defesa Integral do estado de Bolívar, enfatizou à TV estatal que os quartéis foram transformados em “salas de aula”, com o terreno servindo como a “melhor escola do soldado”.

O treinamento abrange desde o conhecimento técnico sobre armamentos até técnicas de tiro e pontaria, com prática em linha de fogo. “Assim, vamos qualificando os participantes, de atiradores novatos a especialistas”, detalhou Yilales, ressaltando o compromisso em aprimorar as habilidades dos participantes em diferentes níveis de proficiência. Um vídeo divulgado mostra partes do treinamento.

A mobilização surge em um contexto de forte presença militar dos EUA na região. Washington alega que a operação visa combater o narcotráfico, mas acusa Maduro de liderar o Cartel de los Soles, oferecendo uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à sua captura.

Diosdado Cabello, figura proeminente do governo venezuelano, refutou as acusações e acusou os EUA de buscarem uma “mudança de regime”. Ele reafirmou a prontidão da Venezuela para enfrentar uma “guerra prolongada”, demonstrando a escalada retórica entre os dois países.

O próprio Maduro, na última quinta-feira (11), já havia convocado a população a se preparar para defender a soberania e a paz do país. Adicionalmente, anunciou o envio de tropas para proteger a costa venezuelana contra “possíveis invasores”, sinalizando a seriedade com que o governo encara a situação.