A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) anunciou neste sábado a identificação dos restos mortais do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Júnior, desaparecido em Buenos Aires em 1976. O caso, que perdurava por quase meio século, teve um desfecho com a confirmação da morte do músico, que acompanhava Toquinho e Vinícius de Moraes em uma turnê.
Segundo informações da Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF), Tenório foi assassinado a tiros e seu corpo foi enterrado como indigente em uma vala comum nos arredores da capital argentina. A identificação foi possível através da análise de suas impressões digitais, um processo que trouxe alívio e respostas para a família do músico.
O crime ocorreu na madrugada de 18 de março, dias antes do golpe de Estado que instaurou a ditadura militar na Argentina, liderada por Jorge Rafael Videla. A Procuraduría de Crímenes contra la Humanidad realizou um levantamento que permitiu relacionar o caso de Tenório com outros corpos encontrados em vias públicas entre 1975 e 1983, cujas identidades não haviam sido determinadas na época.
“Foi possível estabelecer a confirmação da morte e o destino do corpo de Francisco Tenório Cerqueira Júnior, após a comparação das impressões digitais de um cadáver encontrado em um terreno baldio na região de Tigre”, informou a CEMDP em nota. Ainda não se sabe se será possível exumar o corpo para comparação de amostra genética.
A comissão acompanha o caso e outros relacionados à Operação Condor, aliança entre as ditaduras da América do Sul para reprimir opositores políticos. A CEMDP coleta dados datiloscópicos de desaparecidos políticos brasileiros e amostras sanguíneas de seus familiares, facilitando a troca de informações com autoridades estrangeiras e a resolução de casos como o de Francisco Tenório Cerqueira Júnior. A família do pianista já foi notificada e a CEMDP se colocou à disposição para oferecer apoio neste difícil processo.
