Uma nova obra do enigmático artista Banksy, que retratava uma crítica contundente ao sistema judiciário, foi removida da fachada do Royal Courts of Justice, em Londres, menos de dois dias após sua aparição. A controversa imagem, fixada em uma das paredes externas do Queen’s Building, parte do complexo do tribunal, mostrava um manifestante caído com um cartaz ensanguentado, enquanto um juiz brandia um martelo sobre ele. A autoria foi confirmada pelo próprio Banksy em suas redes sociais.
A decisão de apagar o mural foi tomada pelo HM Courts and Tribunals Service (HMCTS), órgão responsável pela manutenção do edifício. A justificativa oficial é que o prédio é um patrimônio histórico legalmente protegido e a obra comprometeria suas características originais. A remoção gerou debates acalorados sobre liberdade de expressão e o papel da arte como forma de protesto.
A proteção da obra, que inicialmente foi coberta por seguranças, não impediu sua remoção completa. Equipes trabalharam intensamente para apagar o grafite, concluindo o serviço em um curto espaço de tempo. O Good Law Project, em publicação no X (antigo Twitter), criticou a atitude do tribunal, argumentando que a censura refletia justamente o tema abordado na obra: a supressão do direito de manifestação.
O trabalho de Banksy ganhou destaque em um momento de crescente tensão social em Londres. Recentemente, manifestações contra a proibição do grupo Palestine Action resultaram em centenas de prisões. A obra apagada, portanto, adiciona uma camada de complexidade ao debate sobre liberdade de expressão e o direito ao protesto em uma sociedade democrática.
“A ação do tribunal refletiu o próprio tema do mural: a limitação do direito de protesto”, afirmou o Good Law Project em sua crítica. A remoção da obra de Banksy levanta questões sobre a relação entre arte, poder e a preservação da memória em espaços públicos.