Julgamento de Bolsonaro por Trama Golpista se Estende no STF por Decisão de Moraes

O julgamento que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento em uma suposta trama golpista ganhou um novo capítulo no Supremo Tribunal Federal (STF). A pedido do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, o julgamento terá um dia adicional de duração. A decisão foi prontamente atendida pelo presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin.

Inicialmente previsto para ocorrer em três dias, o julgamento agora se estenderá por quatro dias, incluindo sessões extras na quinta-feira (11), em dois turnos. Para acomodar a mudança, a sessão do plenário da Corte que estava agendada para a tarde do mesmo dia foi cancelada. “Solicito ao Excelentíssimo Presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, o agendamento de novas sessões complementares para a realização do julgamento, a serem realizadas na quinta-feira, dia 11/9/2025”, justificou Moraes em despacho.

A fase inicial do julgamento já foi concluída, com a leitura do relatório do processo e as argumentações orais da Procuradoria-Geral da República (PGR) e das defesas dos réus. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, argumentou que a formalização de uma ordem não era necessária para caracterizar a tentativa de golpe. Segundo ele, os atos foram “documentados” e a ofensiva se concretizou quando Bolsonaro e o então ministro da Defesa convocaram a cúpula militar para discutir a ruptura democrática.

Em contrapartida, as defesas negaram a participação de seus clientes, levantando dúvidas sobre a validade da delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Alegaram ainda que a mera cogitação de um golpe não poderia ser considerada crime. O advogado de Bolsonaro enfatizou que o ex-presidente “não tem absolutamente nada a ver com punhal verde e amarelo, copa 22 e 8 de janeiro”, em referência aos planos golpistas mencionados pela PGR, e classificou a delação de Cid como “mentirosa”.

A defesa do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-chefe da Casa Civil, também se manifestou criticamente em relação ao andamento do processo. Alegaram restrições ao direito de defesa e pediram a anulação da colaboração premiada de Cid, a qual chamaram de “farsa”.

O julgamento será retomado na próxima terça-feira (9) com o aguardado voto de Alexandre de Moraes, previsto para ocupar a sessão da manhã. Caso todas as datas sejam utilizadas, a expectativa é que a análise se estenda por um total de 10 sessões, distribuídas em seis dias diferentes.