Conforme as informações divulgadas hoje pela manhã, Flávio Bolsonaro financiou e lucrou com construções civis ilegais de prédios levantados pela milícia do Rio de Janeiro com dinheiro público. Os dados foram levantados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, e que também são alvos de investigação pela Polícia Federal em Brasília – motivo pelo qual o presidente quis trocar o diretor-geral da PF e gerou embate com Sérgio Moro.
O esquema de “rachadinha” seria feito no antigo gabinete de Flávio na Assembléia Legislativa do Rio. O MP do Rio teria chegado a conclusão com o cruzamento de informações bancárias de 86 pessoas envolvidas, que conduzia para o ramo imobiliário da milícia orientados por Adriano da Nóbrega e Fabrício Queiroz.
Segundo o site, “o esquema funcionaria da assim:
• Flávio pagava os salários de seus funcionários com a verba do seu gabinete na Alerj.
• A partir daí, Queiroz – apontado no inquérito como articulador do esquema de rachadinhas – confiscava em média 40% dos vencimentos dos servidores e repassava parte do dinheiro ao ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega, apontado como chefe do Escritório do Crime, uma milícia especializada em assassinatos por encomenda.
• A organização criminosa também atua nas cobranças de “taxas de segurança”, ágio na venda de botijões de gás, garrafões de água, exploração de sinal clandestino de TV, grilagem de terras e na construção civil em Rio das Pedras e Muzema.
• As duas favelas, onde vivem mais de 80 mil pessoas, ficam em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, e assistiram a um boom de construções de prédios irregulares nos últimos anos. Em abril do ano passado, dois desses prédios ligados a outras milícias desabaram, deixando 24 mortos e dez feridos.
• O lucro com a construção e venda dos prédios seria dividido, também, com Flávio Bolsonaro, segundo as investigações, por ser o financiador do esquema usando dinheiro público”.
O dinheiro chegava para Adriano por meio das contas da mãe e esposa, Raimunda Vera Magalhães e Daniella da Costa Nóbrega. Elas ocupavam cargos comissionados no gabinete de Flávio da Alerj entre 2016 e 2017. Nesse mesmo período, as duas chegaram a movimentar R$1,1 milhão no esquema, repassando o dinheiro a empresas dentre as quais dois restaurantes, uma loja de material de construção e três pequenas construtoras.
Com a quebra de sigilo do chamado “Escritório do crime”, em relação ao gabinete do então deputado, a Operação Intocáveis descobriu a aliança entre a milícia e Flávio Bolsonaro. Essa operação foi coordenada pelo Gaeco a cerca da investigação do assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.
As construtoras tem sede no RJ em Rio das Pedras e foram registradas por “laranjas” segundo a PF, e nome de três moradores de Rio da Selva que foram presos na época. Porém, essas empresas pertenciam a Adriano da Nóbrega e outros dois oficiais da PM – o tenente reformado Maurício da Silva Costa e o major Ronald Paulo Alves – que também foram presos junto os oficiais PM da Costa e Pereira.
Do mesmo modo, o miliciano Manoel de Brito Batista confessou ter apartamentos na mesma localidade e acusou Maurício e Adriano de serem donos de um prédio. O MP diz em sua denúncia que Batista é responsável pela supervisão dos canteiros de obra e negociação dos imóveis.
Adriano também era conhecido como “gordinho” e fazia todas as negociações de venda e locação diretamente com compradores e inquilinos. Em um trecho da conversa de Batista com Adriano, revela os dois fechando um andar inteiro pelo valor de 60 parcelas de R$4 mil.
Além disso, planinhas de um imóvel no Escritório do Crime foram apreendidas pela polícia mostravam retiradas semanais feitas pelo tenente Maurício e pelo major Ronald, que inclusive é responsável pela contabilidade do grupo, em várias conversas combinando de “bater” as contas com Batista nos finais de semana.
