Lula Busca Desbloqueio de Acordo Mercosul-UE em Conversa com Von der Leyen

Em um esforço para destravar as negociações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE). A ligação, que durou cerca de 20 minutos na manhã desta sexta-feira, teve como objetivo reforçar a importância da aprovação do acordo, considerado estratégico para ambos os blocos. Lula manifestou otimismo em relação à apreciação do texto pelo Parlamento Europeu, vendo-o como um passo crucial para a assinatura final.

O presidente brasileiro expressou a expectativa de formalizar o acordo ainda este ano, durante a Cúpula de Líderes no Brasil. “Ambos concordaram que, diante do momento de incerteza e desestruturação do comércio internacional, a parceria entre os dois blocos regionais é ainda mais estratégica”, informou o Palácio do Planalto em nota. A parceria, segundo o comunicado, criará um mercado abrangente de mais de 700 milhões de pessoas, representando 26% do PIB global.

As negociações para o acordo foram concluídas em dezembro passado, após cerca de 25 anos de discussões entre os blocos. Agora, o texto aguarda aprovação da União Europeia, que exige votação no Parlamento Europeu e maioria qualificada entre os governos da UE. Contudo, a aprovação não é garantida, com resistências notórias, especialmente da França, que expressa preocupações ambientais e protecionistas em relação ao setor agrícola.

A França, um dos maiores produtores de carne bovina da UE, tem classificado o acordo como “inaceitável”, argumentando que ele não considera as exigências ambientais na produção agrícola e industrial. Em contrapartida, Lula rebate as críticas, acusando a França de proteger seus interesses agrícolas. A polêmica ilustra os desafios que ainda precisam ser superados para que o acordo seja finalmente implementado.

Enquanto isso, a Comissão Europeia e países como Alemanha e Espanha defendem o acordo como uma forma de compensar perdas comerciais decorrentes de tarifas impostas pelos Estados Unidos e de reduzir a dependência da China, sobretudo em relação a minerais essenciais. Defensores do acordo na UE enxergam o Mercosul como um mercado em expansão para produtos europeus e uma fonte de minerais cruciais para a transição verde, como o lítio para baterias.