Dólares na Gaveta e Planos de Fuga: PF Investiga Anotações de Bolsonaro Apreendidas em Operação

A Polícia Federal (PF) ainda mantém sob custódia os US$ 13,4 mil, equivalentes a mais de R$ 70 mil, apreendidos na residência e escritório do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a operação de 18 de julho, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes do STF. Além do montante em moeda estrangeira, os agentes encontraram anotações manuscritas que intrigam os investigadores, sugerindo possíveis estratégias de defesa e até mesmo um suposto “plano de fuga”.

Os dólares foram encontrados em locais distintos: US$ 7,4 mil estavam na gaveta de cuecas do ex-presidente, enquanto US$ 6 mil foram localizados em seu escritório na sede do Partido Liberal (PL) em Brasília. Adicionalmente, a PF apreendeu R$ 8,3 mil em espécie, depositados na conta de Bolsonaro através da Caixa Econômica Federal. A origem de todo o dinheiro ainda é objeto de investigação.

As anotações manuscritas, encontradas no porta-luvas de um dos carros do ex-presidente, levantaram ainda mais suspeitas. Segundo a PF, os papéis continham referências à delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e possíveis estratégias de defesa. Em um dos trechos, Bolsonaro teria escrito: “Não existia grupos, sim indivíduos (…) considerando – 2 ou 3 reuniões. Defesa + sítio + prisão – várias autoridades. Previa: comissão eleitoral nova eleição.”

Outra anotação intrigante diz: “Recebi o $ do Braga Netto e repassei p/ o major de Oliveira – pelo volume, menos de 100 mil. Pressão p/PR assinar ‘um decreto’ – defesa ou sítio, mas nada vai acontecer.” Os investigadores da PF estão agora tentando relacionar esses rabiscos com informações fornecidas por Mauro Cid em sua colaboração premiada, buscando entender o contexto e a veracidade das alegações.

Além das referências a Braga Netto, as anotações também mencionam o ministro Luiz Fux, bem como frases como “Preocupação em não parar o Brasil” e “Das 8, fiquei 4 semanas fora da Presidência”. As investigações continuam, com foco em determinar a origem dos valores apreendidos e o significado das anotações, que incluem a negativa de Bolsonaro sobre um possível “decreto de golpe”.