Uma operação conjunta da Polícia Federal brasileira e da polícia irlandesa desarticulou, nesta quarta-feira (3), um esquema internacional de tráfico sexual que aliciava mulheres em uma famosa boate de Palhoça, na Grande Florianópolis. A investigação aponta que a Boom Bar era utilizada como ponto de recrutamento para levar brasileiras à Europa, com destino principal à Irlanda, onde eram forçadas a se prostituir.
De acordo com o delegado regional da PF em Santa Catarina, Farnei Franco Siqueira, mandados de busca e apreensão foram cumpridos em locais ligados ao grupo criminoso, incluindo residências e estabelecimentos suspeitos de envolvimento no esquema. A casa noturna negou qualquer participação direta, alegando que as transferências via Pix efetuadas pelos investigados poderiam ser apenas resultado da frequência deles ao local.
As investigações revelaram que o grupo criminoso atuava desde 2017, mas a apuração só teve início em 2024, após uma denúncia feita por uma vítima à polícia irlandesa. Até o momento, 70 mulheres foram identificadas como vítimas, e esse número pode aumentar com o prosseguimento da operação. A Polícia Federal estima que cada uma delas rendia até R$ 700 mil ao grupo.
“As vítimas eram em sua maioria jovens em situação de vulnerabilidade financeira, mas não há registros de menores de idade”, informou a polícia. Levadas para a Irlanda e outros países europeus, as mulheres eram submetidas a condições degradantes. A operação resultou na prisão de oito pessoas: uma em Itajaí, uma em Biguaçu, uma em São José, uma em Florianópolis e quatro em Dublin, na Irlanda.
Além do crime de tráfico sexual, os investigados responderão por lavagem de dinheiro, uma vez que parte dos lucros obtidos ilicitamente era investida em veículos, imóveis e criptoativos. Na Europa, a polícia irlandesa continua as buscas para localizar as vítimas, que receberão apoio e poderão optar por retornar ao Brasil. A Polícia Federal, por sua vez, segue analisando documentos e provas para aprofundar a investigação, prometendo novos desdobramentos na Operação Cassandra.