Uma onda de violência tomou conta das ruas de São Paulo nos últimos meses, com ataques a ônibus que intrigaram a população. A Polícia Civil agora aponta que a motivação por trás dos atos de vandalismo pode estar ligada a uma disputa contratual no setor de transportes, com ramificações que envolvem até mesmo o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O estopim da crise teria sido um despacho do Secretário Municipal de Mobilidade e Transportes, Celso Caldeira, que criou um grupo de trabalho para definir as regras de transferência dos contratos das viações Transwolf e Upbus. Ambas as empresas são investigadas por suspeita de lavagem de dinheiro para o PCC, na Operação Fim da Linha. A Transwolf, à época das acusações, negou veementemente qualquer envolvimento com atividades ilícitas, classificando-as como infundadas.
A decisão da prefeitura de, segundo a investigação, não incluir as empresas no grupo de trabalho teria gerado insatisfação dentro da Cooper Pam, cooperativa que presta serviço à Transwolf. A cooperativa temia que a operação da viação, que depende de veículos dos cooperados sob um acordo informal, ficasse comprometida com uma nova gestão. Sancetur e Rodobus seriam as empresas cotadas para assumir os contratos, aumentando a insegurança sobre o futuro da estrutura atual. A escalada da violência com os ataques a ônibus se intensificou logo após o despacho.
Entre junho e julho, a frequência dos apedrejamentos chegou a quase 50 ônibus por dia. Apesar da violência dos atos, a prefeitura ressalta que os ataques foram realizados majoritariamente com pedras, sem registros de incêndios ou feridos graves. As autoridades investigam também a possibilidade de um “efeito manada”, onde o aumento dos casos e sua repercussão na mídia e redes sociais teriam incentivado novos ataques.
As autoridades informam que os ataques cessaram nas últimas semanas, o que traz um alívio para a população. As investigações, no entanto, continuam em andamento, com o objetivo de identificar os responsáveis e desvendar as motivações por trás dessa onda de violência que assustou a cidade de São Paulo.
[Cronologia dos Fatos]
* 12/6: Prefeitura determina a criação do Grupo de Trabalho de Transição
* 14/7: Transfere a titularidade das embarcações da Transwolff para a prefeitura (Aquático SP)
* 28/7: Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, pede para indicar representantes no GT (Grupo de Trabalho). Pandora é um dos diretores da Transwolff que foi preso na operação e solto para responder em liberdade depois.
* 25/8: deferimento dos nomes
* 02/09: Publicação oficial dos nomes