Abalado e Isolado, Mauro Cid Pede Desligamento do Exército em Meio a Julgamento de Trama Golpista

Em um momento crucial, no qual o Supremo Tribunal Federal (STF) julga a participação de réus em uma suposta tentativa de golpe, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e figura central como delator, formalizou o pedido de baixa do Exército. A informação foi confirmada por sua defesa nesta terça-feira (2), marcando o primeiro dia do julgamento que apura o plano para manter o ex-presidente no poder após a derrota eleitoral de 2022.

O advogado Jair Alves Ferreira revelou que o pedido foi protocolado há um mês, sem decisão até o momento. A justificativa apresentada é a de que Cid enfrenta um intenso desgaste emocional, tornando insustentável sua permanência na carreira militar. O processo de delação premiada, segundo a defesa, tem sido “traumático” para o tenente-coronel.

Fontes próximas a Cid relatam um crescente isolamento e um sentimento de traição por parte de antigos colegas de farda. A delação, que envolve não só Jair Bolsonaro, mas também generais de alta patente como Walter Braga Netto, gerou forte impacto no meio militar. Braga Netto, inclusive, encontra-se atualmente preso por suspeita de obstrução das investigações.

Durante as alegações finais ao STF, a defesa de Cid ressaltou a importância crucial da delação para o avanço das investigações, apesar do alto preço pessoal pago pelo militar. Detalhando reuniões, documentos e movimentações internas, Cid forneceu elementos essenciais para a denúncia contra Bolsonaro e os demais réus.

Cid enfrenta acusações graves, incluindo organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Apontado como peça-chave nas investigações, o ex-homem de confiança de Bolsonaro pode ser determinante para o desfecho do julgamento.