Lula x Trump: Diplomacia Firme Dobra Tarifa de Trump, Aponta Financial Times

Uma análise do Financial Times, assinada pela colunista Gillian Tett, sugere que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve sucesso em uma disputa comercial com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo a publicação, a reversão das tarifas adicionais sobre produtos brasileiros indica que a estratégia adotada pelo governo brasileiro se mostrou eficaz frente às pressões de Washington.

Trump havia anunciado um aumento de 40% nas tarifas sobre importações brasileiras em agosto, em meio a um período de tensão diplomática. Esse cenário incluiu desde a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro até críticas dos EUA ao sistema judiciário brasileiro. A revogação dessa medida, portanto, representa um ponto importante.

Recentemente, os Estados Unidos removeram a tarifa extra de mais de 200 produtos brasileiros, incluindo café, carne bovina, cacau e frutas. Essa decisão expandiu a lista de isenções ao chamado “tarifaço”, após uma reunião entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado americano, Marco Rubio.

Inicialmente, a imposição de tarifas foi justificada pela Casa Branca como uma resposta a supostas ações do governo brasileiro que ameaçariam a segurança nacional dos EUA. As acusações incluíam perseguição a apoiadores de Bolsonaro, censura a empresas de tecnologia americanas e violações à liberdade de expressão, com críticas direcionadas ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

De acordo com Gillian Tett, a resposta firme e direta de Lula às ameaças contribuiu para fortalecer sua imagem internamente e influenciou o recuo americano. A colunista argumenta que o Brasil saiu fortalecido desse embate, demonstrando capacidade de resistência e negociação.

Tett aponta três principais lições do episódio. Primeiramente, a Casa Branca demonstra sensibilidade ao impacto das tarifas no custo de vida da população americana, o que pode ter influenciado a decisão de aliviar a taxação sobre produtos agrícolas. Em segundo lugar, estratégias de confronto podem ser eficazes com Trump, como demonstrado pela China. Por fim, é crucial diferenciar as táticas dos objetivos nas ações da Casa Branca.

“Práticas como ameaças, mudanças repentinas de política e anúncios chamativos devem ser compreendidas como recursos táticos, não como diretrizes definitivas”, explica Tett, ressaltando que o recuo nas tarifas brasileiras segue um padrão já observado em outros casos, permitindo que a Casa Branca altere sua posição sem constrangimento.

Em conclusão, Gillian Tett reconhece que sua análise pode ser vista como uma tentativa de racionalizar um governo marcado por instabilidade. No entanto, ela reforça que compreender a diferença entre discurso e ação é essencial para interpretar a política norte-americana, e que a postura de Lula enviou um recado claro ao cenário internacional.