Diabetes e Rins: Prevenir é o Melhor Remédio Contra a Diálise

A relação entre diabetes e doença renal crônica (DRC) representa um dos maiores desafios da medicina contemporânea. Estimativas apontam que aproximadamente 40% dos pacientes diagnosticados com diabetes, tanto tipo 1 quanto tipo 2, desenvolvem algum nível de comprometimento renal ao longo da vida. A progressão silenciosa dessa condição torna o diagnóstico precoce e o tratamento adequado cruciais.

O diabetes figura como a principal causa de insuficiência renal crônica em escala global. No Brasil, o Censo Brasileiro de Diálise de 2024, realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), revela que cerca de 30% dos pacientes em diálise são diabéticos. Esse cenário evidencia a importância de estratégias preventivas e de conscientização.

O excesso prolongado de glicose no sangue causa danos progressivos aos vasos sanguíneos dos rins. Esse processo gradual resulta na perda de albumina na urina (albuminúria) e na diminuição da taxa de filtração glomerular (TFG), que mede a eficiência dos rins na filtragem do sangue. A nefropatia diabética, como é conhecida essa condição, pode levar anos para se manifestar.

Conforme explica a Dra. Carlucci Ventura, nefrologista e membro da International Society of Nephrology, “o acompanhamento médico é essencial desde o diagnóstico de diabetes”. Exames simples, como a dosagem de creatinina no sangue e a pesquisa de albumina na urina, são fundamentais para identificar alterações precoces e retardar a progressão da doença. Em estágios avançados, a diálise ou o transplante renal podem se tornar necessários.

A doença renal crônica, em seus estágios iniciais, geralmente não apresenta sintomas evidentes. A persistência da microalbuminúria, que é a presença de pequenas quantidades de proteína na urina, pode ser um sinal precoce. Em alguns casos, a urina pode apresentar-se mais espumosa. A pressão arterial elevada e o inchaço nas pernas podem surgir em casos não tratados, reforçando a importância de check-ups regulares para pessoas com diabetes.

O controle rigoroso da glicemia e da pressão arterial desempenha um papel fundamental na redução do risco de desenvolver doença renal. Além disso, medicamentos protetores dos rins, como os inibidores do sistema renina-angiotensina (IECAs ou BRAs), são frequentemente prescritos para proteger os rins da sobrecarga de pressão interna.

Nos últimos anos, o tratamento da nefropatia diabética tem evoluído significativamente. Novos medicamentos, como os inibidores de SGLT2 (empagliflozina e dapagliflozina) e a finerenona, têm demonstrado resultados promissores na redução do risco de progressão da doença renal e de eventos cardiovasculares. Essas terapias inovadoras representam um avanço importante no cuidado de pacientes com diabetes e doença renal.

Em suma, o tratamento do diabetes deve ser abordado de forma multidisciplinar, com a colaboração de endocrinologistas, nefrologistas, nutricionistas e educadores em saúde. Adotar hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, controle do peso e exames de rotina, é crucial para prevenir complicações. A prevenção e o diagnóstico precoce continuam sendo as melhores armas contra a progressão da doença renal crônica em pacientes com diabetes.