Exploração mineral criminosa é registrada em diversas terras indígenas; povos são as principais vítimas.
Com a deflagração da invasão da Ucrânia pela Rússia e com efeitos da pandemia de coronavírus, o preço do ouro chegou à sua máxima histórica. Com isso, a demanda pelo metal precioso aumentou e as vítimas são os povos indígenas.
O tráfico de ouro e sua extração das terras indígenas tem como destino final o mercado internacional. “Quando um empresário vai para a pista ou manda alguém lá no garimpo, ele já compra o ouro e dá o destino dele. Mas quando são os garimpeiros que vêm para a cidade, primeiro eles vendem para os empresários locais, que depois vendem para fora”, explica um ourives anônimo para a Repórter Brasil.
Um relatório recente da Hutukara Associação Yanomami mostrou que o garimpo aumentou 46% em relação a 2021 e, desde 2016, cresceu 3000%.
Para conseguir o ouro, os garimpeiros invadem as TIs da forma mais brutal possível: são relatados casos de tráfico de pessoas, violência sexual e chantagem em troca de alimentos. Lá hospedados, eles destroem o solo do local para extrair as pedras, que irão cair na mão dos estrangeiros.
“Após os Yanomami solicitarem comida, os garimpeiros rebatem sempre. (…) ‘Vocês não peçam nossa comida à toa! É evidente que você não trouxe sua filha! Somente depois de deitar com tua filha eu irei te dar comida!’. ‘Se você tiver uma filha e a der para mim, eu vou fazer aterrizar uma grande quantidade de comida que você irá comer! Você se alimentará!’. Os [garimpeiros]dizem: ‘Essa moça aqui. Essa tua filha que está aqui, é muito bonita!’. Então, os Yanomami respondem: ‘É minha filha!’. Quando falam assim, os garimpeiros apalpam as moças. Somente depois de apalpar é que dão um pouco de comida”, diz o relatório.
Vítimas de violência sexual e destruição: povos indígenas são pressionados por garimpeiros e mercado internacional de ouro
Além disso, vale lembrar que depois da imposição das sanções anti-Rússia, o governo Bolsonaro aproveitou para passar a boiada e colocou em pauta um projeto de lei que visa autorização de mineradoras e garimpeiros em Terras Indígenas.
O Projeto de Lei 191/2020 oferece aos indígenas a possibilidade de participar nos lucros das atividades exploratórias – como garimpo e mineração – e define a criação de um conselho para regular as atividades de mineração em territórios indígenas (TIs) com a participação do povos originários.
O PL tinha sido aprovado em regime de urgência, mas perdeu fôlego na base bolsonarista após grandes manifestações em Brasília que lutavam contra a aprovação da nova lei.
Fonte: msn.com