Pelo primeiro ano na história, a data de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é considerada feriado nacional.
E o portal G1 Paraná, do grupo RPC, fez entrevista com o juiz Malcon Jackson Cummings, titular da comarca de São João do Ivaí, no norte do Paraná. Ele que trabalhou por um período na comarca de Jaguapitã.
Malcon integra uma parcela pequena de magistrados pretos no Paraná. De 951 juizes do Tribunal de Justiça (TJ-PR), 17 são pretos (2%). O número tem um pequeno aumento e sobe para 21 (6,2%) quando se considera o total de juízes negros – termo que também acolhe pessoas que se autodeclaram pardas.
No Paraná, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um terço da população (34,3%) é formada por negros.
Apesar de experienciar o racismo na profissão, ele diz que se esforça para que as pessoas descontruam a imagem de que todo juiz é branco.
‘Já tive situações aqui dentro da minha sala, de [pessoas chegarem,]eu abrir a porta e me perguntarem: O juiz está aí? […] A minha figura/o meu corpo negro em movimento aqui não condiz com aquilo que as pessoas esperam que seja um juiz.”
“Eu faço todo o possível para que as pessoas vejam e desconstruam a imagem de que o juiz não é sempre um juiz branco, de olhos claros, loiro, que seja. Mas existe a possibilidade de haver um juiz negro. Eu estou aqui para isso”, ressalta.
Cummings é o representante do Paraná na Diretoria de Igualdade Racial da Associação dos Magistrados Brasileiros e afirma sentir que, por ser negro, precisa se esforçar mais do que pessoas brancas para mostrar e provar as próprias aptidões – e isso em qualquer ambiente.
Com a experiência que tem, ele usa a própria história para conscientizar pessoas para que outros pretos não passem pelo mesmo.
“Todos os dias eu, enquanto um homem negro, seja no mercado de trabalho, seja na escola, seja em qualquer outro lugar, tenho que me mostrar acima da média. Não basta eu agir na média. Para que eu não só sobreviva, mas para que eu consiga mostrar o meu valor […] Eu estou aqui para que os meus filhos, os meus netos e as pessoas que eu conheço não precisem todos os dias mostrar, assim como eu precisei e preciso, que são acima da média”, destaca.