Sob intensa pressão nos últimos dias, o plenário do Supremo Tribunal Federal agendou para as 14h de hoje a análise do habeas corpus apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mais do que definir o destino do líder petista, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro a 12 anos e um mês de prisão, o julgamento vem sendo tratado como um fator determinante para o futuro das investigações de combate à corrupção por ter potencial de rever a jurisprudência da Corte que permite a prisão após condenação em segunda instância.
Na véspera da sessão, representantes da Lava-Jato reforçaram as manifestações contra a revisão do entendimento firmado pelo Supremo em outubro de 2016. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, classificou o julgamento como um “dos mais importantes da história do Supremo”
Além de definir sobre a possível prisão do ex-presidente – cujos recursos foram negados pelo TRF4 -, o resultado dos votos dos 11 ministros poderá ter impacto na execução penal de ao menos outros 22 condenados na segunda instância da Lava-Jato. O tema divide a Corte e o voto de Rosa Weber é considerado como decisivo (veja mais na página A4).
O ex-presidente vai acompanhar o julgamento, que pode determinar se ele continua ou não em liberdade, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, ao lado de antigos colaboradores. A pedido de Lula, petistas e integrantes de movimentos de esquerda organizam, para hoje, o que chamam de uma vigília cívica e democrática durante o julgamento. O objetivo é afastar imagem de truculência dos militantes ou de pressão sobre ministros do Supremo. Apesar da orientação para que se evite animosidade nas ruas, aliados do ex-presidente temem conflitos. Segundo um de seus interlocutores, não se pode descartar ameaça de confronto dado o potencial explosivo do julgamento.