Um assessor do presidente russo Vladimir Putin voltou a sugerir o uso de armamento nuclear caso a Ucrânia, com apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), tente retomar territórios atualmente ocupados por forças russas. A advertência foi feita nesta segunda-feira (9) por Vladimir Medinsky, integrante da equipe presidencial e representante de Moscou nas negociações de paz com Kiev.
A declaração foi divulgada pela agência estatal russa Tass. Segundo Medinsky, não há espaço para soluções provisórias no atual conflito, e qualquer tentativa de interromper a guerra sem um acordo duradouro pode levar a um impasse semelhante ao do conflito entre Armênia e Azerbaijão pela região de Nagorno-Karabakh.
“Se o conflito for congelado na linha de frente, sem um verdadeiro acordo de paz — apenas com um cessar-fogo —, isso vai acabar como aquela região disputada entre Armênia e Azerbaijão, o Carabaque”, afirmou.
Rússia volta a ameaçar com guerra nuclear
Durante a mesma declaração, Medinsky alertou que uma futura tentativa da Ucrânia de retomar os territórios, com apoio da Otan, levaria a uma escalada devastadora.
“Depois de um tempo, a Ucrânia, junto com a Otan e seus aliados, entrará na aliança, tentará recuperar os territórios, e isso será o fim do mundo — será uma guerra nuclear”, disse.
A fala reitera a posição oficial do Kremlin de que a expansão da Otan em direção às fronteiras russas representa uma ameaça direta à segurança nacional. As tensões entre Moscou e a aliança militar ocidental vêm se intensificando desde o fim da União Soviética, com novos capítulos após a anexação da Crimeia, em 2014, e a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Por sua vez, a Otan argumenta que sua presença no Leste Europeu é de natureza defensiva, e que os países da região optaram por se juntar à aliança como medida de proteção contra a postura agressiva da política externa russa.
Exigências da Rússia
Medinsky não detalhou o que considera uma “paz verdadeira”, mas deixou claro que a Rússia não pretende abrir mão de suas principais exigências para encerrar o conflito. Entre elas estão a formalização da posse de cerca de 20% do território ucraniano atualmente sob controle russo e a exclusão definitiva da Ucrânia da Otan.
Troca de prisioneiros
Apesar das declarações contundentes, Rússia e Ucrânia realizaram nesta segunda-feira uma nova rodada de troca de prisioneiros de guerra. Embora o número de soldados libertados não tenha sido divulgado, Medinsky informou que uma lista com 640 nomes foi enviada a Kiev no fim de semana.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou o início do processo. “A troca de hoje já começou. Ela será realizada em várias etapas nos próximos dias”, afirmou.
Cenário do conflito
O conflito entre Rússia e Ucrânia já dura mais de dois anos e tem raízes na crescente aproximação de Kiev com o Ocidente e com a Otan. A resposta de Moscou tem incluído ocupações territoriais e ameaças cada vez mais graves, especialmente contra a integração ucraniana a alianças militares ocidentais.
As recentes declarações refletem o impasse diplomático atual e indicam que qualquer avanço nas negociações exigirá concessões consideradas inaceitáveis por Kiev e seus aliados.