O estado do Paraná tem enfrentado dificuldades com as novas tarifas de exportação impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Um dos setores mais afetados é o de pescados, cuja produção tem forte dependência do mercado norte-americano — cerca de 80% do que é produzido no estado é exportado para os EUA.
Segundo a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), a tilápia é o carro-chefe dessas exportações: 97% de toda a tilápia exportada pelo Paraná tem os Estados Unidos como destino. Em 2024, os embarques do pescado renderam US$ 35 milhões à balança comercial paranaense.
No ranking dos produtos mais exportados do Paraná para os EUA, os pescados ocupam uma posição de destaque, ficando atrás apenas do setor florestal e do café. Produtos apícolas, suco de laranja e carnes também estão entre os itens com maior volume de embarques.
O técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) da FAEP, Anderson Sartorelli, alerta para os efeitos negativos de uma tarifa de 50% sobre o setor: “Se essa tarifa for mantida, praticamente inviabiliza a exportação. Esses 97% podem cair a zero. O impacto é enorme. Muitas cooperativas já estão reduzindo seus abates diários, e há relatos de containers parados nos portos por conta de contratos cancelados. Ou seja, os efeitos já começaram a ser sentidos”.
Sartorelli ressalta o clima de incerteza no mercado e defende a atuação do Governo Federal nas negociações com os EUA: “O Brasil é muito competitivo. Conseguimos embarcar peixe fresco para os EUA em até 48 horas. Os produtores estão extremamente preocupados, e nos procuram em busca de alternativas. Esperamos que, a partir de agosto, o governo intensifique as negociações diplomáticas para tentar reduzir essa tarifa e tornar viável a continuidade das exportações”.