Com a queda das temperaturas no Brasil, cresce também a preocupação com a saúde cardiovascular e neurológica. Estudos apontam que os casos de infarto e acidente vascular cerebral (AVC) aumentam em até 30% durante o inverno. Entre os fatores que contribuem para esse cenário está a vasoconstrição — o estreitamento dos vasos sanguíneos provocado pelo frio.
Nas regiões mais frias, é essencial conhecer os sinais de alerta para aneurismas cerebrais. Embora, em muitos casos, sejam silenciosos, esses aneurismas representam sérios riscos à vida quando se rompem. O neurocirurgião Dr. Denildo Veríssimo, especialista em tumores do sistema nervoso e em técnicas minimamente invasivas, explica que o frio pode elevar a pressão arterial, aumentando a chance de eventos graves como a ruptura de aneurismas cerebrais.
“Durante o inverno, é fundamental manter um controle rigoroso da pressão arterial e adotar hábitos saudáveis. Exames como a angiotomografia cerebral podem ajudar na detecção precoce de aneurismas”, orienta o médico.
Região Sul exige atenção redobrada
Conhecida pelas temperaturas mais baixas do país, a região Sul merece atenção especial. Dados do Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil indicam que, em março de 2022, o AVC foi a principal causa de morte no Paraná. Apenas entre os dias 16 e 22 daquele mês, 75 pessoas morreram por AVC no estado — número superior aos óbitos por infarto (65) e por Covid-19 (43) no mesmo período.
Mesmo após o auge da pandemia, as doenças cerebrovasculares continuam sendo uma ameaça silenciosa, principalmente durante os dias mais frios.
“É um sinal de alerta, especialmente para quem já possui fatores de risco. A prevenção e o acompanhamento médico fazem uma diferença real nos desfechos”, reforça o Dr. Denildo.
Sintomas que podem indicar aneurisma cerebral:
- Dor de cabeça súbita e intensa
- Náuseas e vômitos
- Rigidez no pescoço
- Visão turva ou dupla
- Pálpebra caída
- Perda de consciência
“É sempre importante lembrar que as baixas temperaturas favorecem o aumento da pressão arterial, o que pode levar à ruptura de aneurismas, especialmente em pacientes mais vulneráveis”, alerta o especialista.
Frio intenso eleva riscos cardíacos
Pesquisas médicas mostram que temperaturas abaixo de 14 °C aumentam os riscos de infarto e ruptura de aneurismas. A cada queda de 10 °C na temperatura mínima, o risco de infarto pode subir até 7%. Por isso, é importante manter a temperatura corporal entre 36,5 °C e 37,5 °C. A hipotermia — quando o corpo atinge menos de 35 °C — pode agravar ainda mais problemas cardiovasculares.
Pessoas com mais de 60 anos são as mais vulneráveis
Embora o cuidado com a saúde cardiovascular seja importante em todas as idades, os riscos aumentam significativamente a partir dos 60 anos. Idosos têm menor capacidade de regulação térmica e são mais propensos à vasoconstrição induzida pelo frio, o que contribui para o aumento da pressão arterial e sobrecarga do sistema cardiovascular.
Adultos mais jovens também devem estar atentos, especialmente se tiverem histórico de hipertensão, diabetes, colesterol elevado ou outras doenças crônicas.
Dicas de prevenção:
- Mantenha a pressão arterial controlada
- Evite fumar e consumir álcool em excesso
- Pratique atividades físicas regularmente
- Faça check-ups periódicos, especialmente se houver histórico familiar de doenças cardiovasculares