Um homem transexual denunciou um caso de transfobia após ser impedido por um segurança de usar o banheiro masculino de um festival de música em Santos, no litoral de São Paulo.
Segundo Luan Palermo, o profissional afirmou que a organização do Santos Jazz Festival não permitia “mulheres que querem se passar por homem”.
Pessoas que estavam perto registraram a confusão, ocorrida na porta do banheiro.
Luan Palermo foi ao evento na última sexta-feira (26/7), para comemorar seu aniversário de 37 anos.
Segundo ele, tudo estava correndo bem no festival até que ter sido barrado ao tentar o banheiro, mesmo após se identificar como uma pessoa transexual.
“Ele disse que não, que recebeu ordens da coordenação do evento para não permitir que isso acontecesse. Eu perguntei ‘isso o quê?’. E ele disse: ‘mulheres que querem se passar por homem’. Foram exatamente essas palavras”, afirmou.
Após argumentar com o segurança, Luan desistiu de usar o sanitário e acabou indo até um banheiro químico em um espaço onde não havia seguranças.
“É muito constrangedor você querer fazer uma necessidade fisiológica básica, que para qualquer pessoa cisgênero seria tão simples, mas para nós se torna um pesadelo”, afirmou Luan.
Luan disse ainda que foi surpreendido por uma mulher que se apresentou como representante da Secretaria de Cultura de Santos. “Disse que eu tinha sido uma ordem dela, que realmente não era para acontecer esse tipo de coisa. Que outras mulheres podiam ver e gostariam também de usar o banheiro”, contou Luan.
Ele registrou um boletim de ocorrência sobre o caso e compartilhou o vídeo do segurança nas redes sociais. “Já estou tomando as medidas legais, jurídicas e administrativas também”.
Luan afirmou também que duas pessoas da organização do festival entraram em contato para falar sobre o ocorrido, mas demonstraram mais preocupação com a repercussão do caso do que com o que de fato aconteceu. “A discussão não é sobre sensacionalismo e sim sobre busca de direitos”, argumentou.
Em nota, a organização do Santos Jazz Festival disse ter feito contato com Luan para pedir desculpas e mostrar solidariedade e acolhimento. O festival afirmou que pretende criar um comitê para capacitar e orientar “tratativas de todo o time responsável pela estruturação de eventos públicos na cidade”.
Já o Conselho Municipal de Políticas LGBT+ de Santos também se pronunciou por meio de nota nas redes sociais e se solidarizou com Luan. O órgão pediu para a população denunciar qualquer ato de violência.
A prefeitura de Santos afirmou que “em nenhum momento, partiu qualquer ordem da secretária de Cultura que impedisse o uso dos sanitários, fato já esclarecido pelos organizadores do evento”.
fonte: metrópoles.com