Um homem em situação de rua morreu de hipotermia severa após recusar repetidamente ajuda durante uma forte frente fria em Mendoza, na Argentina, no último dia 4 de junho. Juan Carlos Leiva, de 54 anos, decidiu não aceitar abrigo nem atendimento médico para não se separar de seu cachorro de estimação, Sultan, que ele considerava como parte da família.
Morador das ruas da região central da cidade, Juan costumava se abrigar na entrada de um edifício na Rua Perú. Mesmo com as temperaturas despencando e com sinais evidentes de adoecimento, ele se recusava a deixar o cão para ser acolhido em um abrigo municipal que não permitia a entrada de animais.
Maria del Carmen Navarro, faxineira do prédio onde ele dormia, foi uma das últimas pessoas a conversar com Juan. Ela tentou convencê-lo a buscar atendimento médico e ofereceu-se para cuidar temporariamente de Sultan.
— “Eu disse que levaria o cachorro comigo, que ele estaria seguro. Mas Juan não queria deixá-lo. Ele só dizia: ‘Preciso cuidar dele’”, contou emocionada ao jornal argentino TN Notícias.
Segundo testemunhas, Juan já apresentava dificuldades para respirar, infecção nos olhos e fraqueza extrema, a ponto de não conseguir se levantar sozinho. Só aceitou ser levado ao hospital quando Maria prometeu que cuidaria pessoalmente do cão. Ele foi internado no Hospital Scaravelli, em Tunuyán, mas não resistiu. Além da hipotermia, sofria de doenças respiratórias crônicas, pneumonia e problemas cardíacos.
Seu filho, que também vive em situação de rua, não foi localizado.
Após a morte de Juan, Maria levou Sultan para sua casa, improvisou uma casinha para ele e colocou o colchão antigo do tutor ao lado, para que sentisse menos a ausência.
— “Cumpri o que prometi a ele”, afirmou.
Como já cuidava de outros animais resgatados, ela buscou um lar definitivo para o cão. Sultan foi adotado pela filha dos donos de um quiosque local, que já conhecia o animal e o tutor há anos.
fonte: ric