Governo quer mexer na aposentadoria de militares para diminuir rombo

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O governo Lula cogita mexer com a aposentadoria de militares para tentar diminuir o rombo econômico brasileiro. Tal mudança promete ser o maior corte previdenciário da última década. O plano de intervenção, que busca reduzir o rombo nas contas públicas, foi antecipado por análises do Tribunal de Contas da União (TCU) e vem ganhando fôlego no governo Lula.

Para muitos, o ajuste é inevitável, mas ele promete reacender um antigo embate: militares versus Fazenda. Até que ponto o governo está disposto a ir para frear a crise?

O déficit bilionário e a pressão pelo corte

Segundo um relatório do TCU, o Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armadas (SPSMFA) ocupa o segundo lugar entre os fundos previdenciários mais deficitários do país.

Apenas em 2023, o sistema registrou um prejuízo de R$ 49,7 bilhões aos cofres públicos.

O levantamento mostra que as receitas desse fundo cobrem apenas 15,4% das despesas, criando um buraco financeiro que o governo agora busca fechar.

Miriam Leitão, jornalista do jornal O Globo, destacou em sua coluna que o Ministério da Defesa já previa ser incluído no pacote de cortes.

A medida pode trazer uma economia estimada de R$ 6 bilhões, uma quantia significativa, mas que, para alguns analistas, ainda está longe de ser suficiente para estabilizar a situação fiscal do país.

Encontro decisivo entre Defesa e Fazenda

O cenário fica ainda mais tenso com a proximidade da reunião entre a equipe econômica do governo e o Ministério da Defesa, marcada para quarta-feira (13 de novembro de 2024).

Segundo fontes do governo, o encontro será um divisor de águas para definir o alcance das reformas previdenciárias para os militares.

O ministro da Defesa, José Múcio, encontrará Fernando Haddad, da Fazenda, para discutir os pontos críticos do relatório do TCU e alinhar o corte de despesas exigido pela equipe econômica.

Ainda que os ajustes sejam considerados cruciais, há resistência dentro das Forças Armadas.

Impacto nas filhas de militares e outros benefícios

Uma das propostas mais polêmicas envolve a pensão destinada às filhas de militares, benefício que ainda permanece ativo para aqueles que ingressaram nas Forças Armadas antes de mudanças anteriores.

Miriam Leitão, que acompanhou o desenrolar das negociações, relembra que o Ministério da Defesa já vinha sendo consultado sobre temas como esse, ainda que de maneira informal.

Caso o governo opte por restringir a pensão, haverá um impacto considerável nas contas públicas e uma possível devolução de recursos aos militares que contribuíram para manter esse benefício.

Essa mudança, no entanto, ainda divide opiniões. Parte dos analistas acredita que a revisão é necessária para equilibrar as contas, enquanto defensores dos militares argumentam que o corte de benefícios afeta os direitos adquiridos ao longo de décadas de serviço.

Dificuldades na implementação e o fator “tempo”

De acordo com o relatório do TCU, uma possível reestruturação previdenciária só traria efeitos a longo prazo, afetando principalmente os novos militares que ingressarem nas Forças Armadas.

Isso significa que o impacto na economia demorará anos para ser sentido, algo que pode não satisfazer as demandas mais urgentes do mercado.

A jornalista Miriam Leitão acrescenta que as recentes negociações entre Haddad e o Ministério da Defesa foram marcadas por lentidão, o que, segundo ela, já refletiu no mercado financeiro, com alta do dólar e aumento da inflação.

Para Leitão, esse processo, embora típico de uma democracia, gera expectativas frustradas e aumenta as pressões sobre o governo.

Qual será o desfecho das negociações?

Por ora, o governo segue entre pressões de movimentos sociais que criticam cortes em benefícios sociais e uma pressão crescente do mercado por uma resposta imediata.

Se as mudanças propostas realmente atingirem o sistema previdenciário dos militares, os cortes podem representar um marco no ajuste fiscal, redefinindo a previdência e eliminando gastos históricos.

No entanto, a resistência dentro das Forças Armadas levanta questões sobre a viabilidade de implementar as reformas de forma rápida e eficaz.

Fonte: Click Petróleo e Gás.

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