Os sobreviventes do trágico acidente com um balão de ar quente que deixou oito mortos em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, no último sábado (21), contaram que tiveram apenas cinco segundos para tomar a decisão que salvou suas vidas. As chamas começaram ainda no ar, e o piloto ordenou que todos pulassem do balão, que estava prestes a tocar o solo.
Marcel Cunha Batista, gerente de desenvolvimento de software, foi um dos sobreviventes. Ele estava com a esposa, a professora Thayse Elaine Broedbeck, com quem é casado há 15 anos. “Percebi algo errado logo após a decolagem. Ao olhar para o fundo do cesto, vi que o fogo já tomava conta. Quando nos aproximávamos do chão, o piloto gritou para todos pularem. Ele mesmo já estava na borda. Quem conseguiu reagir, sobreviveu. Mas alguns ficaram paralisados, sem entender o que estava acontecendo”, relatou.
O casal estava em Praia Grande para aproveitar o feriado e retornou para Florianópolis ainda no sábado, poucas horas após a tragédia. Em estado de choque, Marcel lamentou a falta de recursos de emergência a bordo. “Não havia extintor. O piloto tentou manusear o cilindro com as mãos. Se tivesse um extintor, talvez a situação pudesse ter sido diferente.”
Segundo as autoridades, o balão operado pela empresa Sobrevoar pegou fogo por volta das 8h, durante o voo com 21 passageiros. Treze pessoas conseguiram saltar, inclusive o piloto. Com a redução de peso, o balão subiu novamente em chamas. Dos oito que permaneceram a bordo, quatro pularam, mas não resistiram à queda; as outras quatro morreram carbonizadas dentro do cesto.
A Polícia Civil de Santa Catarina investiga o caso e trabalha com a hipótese de que o incêndio começou no próprio cesto, possivelmente causado por um maçarico que não fazia parte da estrutura original da aeronave. A informação foi confirmada por depoimentos de passageiros ouvidos pelo delegado responsável.
A empresa afirmou que o piloto tinha mais de 10 anos de experiência e que todas as normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estavam sendo seguidas. Um inquérito foi aberto para apurar as responsabilidades, e a empresa Sobrevoar suspendeu suas atividades por tempo indeterminado.
O velório das oito vítimas começou no domingo (22). Algumas pessoas que sobreviveram foram encaminhadas a hospitais da região com ferimentos como queimaduras, fraturas e escoriações. Já os que escaparam ilesos tentam agora retomar suas rotinas, marcados para sempre pela tragédia.
“É impossível esquecer, mas estamos tentando seguir”, concluiu Marcel.
fonte: ric