Dr. Tavares renunciou em Lupionópolis. Muitos são os boatos em torno dessa decisão. Diante disso, procuramos o ex-prefeito e conseguimos uma pequena entrevista exclusiva abordando alguns temas polêmicos. Ele não negou “fogo” e respondeu tudo.
Acompanhe:
Como o senhor avalia esses três anos à frente da Prefeitura de Lupionópolis?
“Apesar de política sempre estar presente em minha vida, posso assegurar que me tornar prefeito de uma cidade nunca havia sido uma meta ou ambição, surgiu como um projeto de um grupo e me dediquei de todo coração a ele, principalmente quando se tornou uma realidade. Deste período como prefeito levo diversas alegrias, vitórias conquistadas frutos de muito esforço juntamente com aqueles que se mantiveram ao meu lado, verdadeiros momentos de felicidade. Porém, também pude aprender valiosas lições nos momentos difíceis e nas horas turbulentas, profundas decepções que machucaram, mas, sobretudo, ensinaram, transformando esta experiência em grande aprendizado, me fazendo entender mais as pessoas, o povo e a mim mesmo. Tenho muito a agradecer a todos aqueles que me ajudaram neste período, cada apoio ou palavra amiga foram de muita importância, me fortaleceram e me fizeram capaz de seguir em frente. Estou satisfeito e tenho a consciência limpa, pois sei o que enfrentei e do esforço feito para vencer. Tenho de agradecer imensamente a todos me ajudaram, aos funcionários, à Câmara de vereadores, aos munícipes, e aos verdadeiros amigos que comigo estão até hoje”.
Quais foram às principais dificuldades que encontrou durante esse tempo de administração?
“Eu atribuo as dificuldades desta administração a diversos fatores. Sem sombra de dúvidas o período econômico negativo foi um dos mais graves e que tem atrapalhado não só o nosso município, mas toda região. Hoje, a realidade de todos os municípios de pequeno porte é crítica, o orçamento se torna cada vez menor enquanto as despesas para se fazer o município continuar funcionando só tendem a aumentar. Por isso, tive que atuar quase sempre sob um regime de contenção de gastos para poder equilibrar os números do município, mas foi através destas medidas impopulares que conseguimos equilibrar as contas, renovar a estrutura, resgatar a capacidade de investimento e valorizar o maior patrimônio municipal que são os funcionários públicos. Outra grande dificuldade que enfrentei foi à falta de comprometimento de algumas pessoas no auxílio da administração, a chamada turma do “quanto pior melhor”, mas hoje considero normal essa falta de “motivação” por se tratar do meio político. Tive também minha parcela de culpa e não me afasto das minhas responsabilidades, demorei a tomar algumas decisões e isso me custou um tempo precioso. Enfim, dificuldades que me fizeram valorizar ainda mais o ser humano, a sinceridade, as pessoas realmente comprometidas com nossa cidade, os verdadeiros amigos e acima de tudo me fizeram enxergar qual o caminho que deveria trilhar”.
Se tivesse que dar uma nota para sua administração, qual seria? E o que, em sua opinião, sua administração deixou a desejar?
“Eu sinceramente não me preocupo quanto a isso, nunca fui político, sei das dificuldades que enfrentei e da forma que lidei com elas, nunca quis ser melhor do que ninguém, muito menos ser reconhecido pelo que não sou, fiz o que achei correto e necessário e não me preocupei com a opinião dos outros. Olhando para trás, identifico com muita clareza meus acertos e também meus erros, tenho plena convicção das minhas falhas, mas muito orgulho de ter feito as escolhas que julgo corretas. Saio de cabeça erguida, com o coração em paz, consciência tranquila, com sentimento de dever cumprido, e orgulhoso da minha maior conquista, manter-me fiel aos meus princípios pessoais e honestidade frente à prefeitura. Por mais que me custasse diversas amizades, optei por não perder meu caráter, quem esteve comigo sabe o que enfrentei e conhece minha luta e pra mim isso basta”.
É publico e notório que sua renúncia tem ligação com a possibilidade do seu filho ser candidato nas próximas eleições. O senhor confirma?
“De fato é uma realidade. Durante minha gestão percebi que somente com muita cooperação mútua entre situação e oposição e principalmente de toda a comunidade é que podemos ter êxito enquanto um município tão pequeno como o nosso. É hora de abandonar de uma vez por todas o modo antigo de se fazer política em nossa cidade, é hora de somar forças, reunir recursos, equipes, e parceiros políticos. Tenho plena convicção de que unidos podemos ser grandes e eficientes como nunca fomos, focando todos os nossos esforços em prol do bem de Lupionópolis. A exemplo deste ano, 2017 será um ano de muitas dificuldades, mas tenho certeza que desta forma seremos capazes de enfrentar todas as adversidades com mais serenidade e confiança”.
Sendo mais direto, ele será vice do ex-prefeito “Zé Antonio” nas próximas eleições?
“Como é de conhecimento geral, Frederico foi sim convidado pelo candidato José Antônio a compor uma chapa para as próximas eleições, em virtude do bom relacionamento que sempre tiveram e por dividirem este mesmo pensamento. Penso ser uma excelente oportunidade e um simbólico ponto de partida para uma nova política em nossa comunidade, mais sadia, limpa e sem divisões, equilibrando experiência e juventude, e eu acredito nesse projeto. Retorno ao hospital como médico, para fazer aquilo que amo de verdade, cuidar da saúde do povo, pois é essa a minha grande vocação e onde desejo estar, abrindo mão de uma eventual reeleição e contribuindo com a comunidade da maneira que considero mais benéfica, ajudando a compor o setor de saúde e retornando aos meus pacientes de quem tenho muita saudade”.
Todos são conhecedores que o senhor era do grupo do ex-prefeito “Tico”. Ao longo de sua administração uma grande divergência entre vocês aconteceu. Arrepende-se disso?
“Mais uma vez ressalto que este não foi o caminho que busquei, mas me sinto bem quanto a cada uma das minhas escolhas e atitudes, fiz meu papel como prefeito e tenho a minha consciência limpa, o que é mais importante. Respeito a todos e não guardo mágoas de quem quer que seja. Já me manifestei publicamente sobre o ocorrido e esclareci o que achei necessário. Quem me conhece sabe quem eu sou, minha natureza e o que passei, sendo desnecessário retomar um assunto que já considero superado. Infelizmente o meio político é capaz de distorcer a realidade de acordo com a ótica de quem vê e de seus interesses, sendo assim prefiro deixar o passado para trás e pensar somente no futuro. Como prefeito aprendi diversas lições, e a partir delas procurei fazer as coisas que julguei melhores para o município, independente de quem iria agradar ou desagradar, meu compromisso sempre foi com o povo e com ninguém mais. Da mesma forma, ao sair, também tenho o dever de pensar no melhor caminho para o município, e isso está muito claro pra mim, a melhor forma é unindo a comunidade, por essa razão, Natal, Frederico, José Antônio e eu estamos dispostos a unir nossas forças para fazer mais e melhor, uma administração humanista, honesta e com efetiva participação do povo”.