Reginaldo Aparecido dos Santos, de 42 anos, deixou o hospital nesta segunda-feira (12) após um período conturbado de 43 dias de prisão temporária. Ele foi apontado como suspeito do assassinato de Marley Gomes de Almeida, 53 anos, e da neta Ana Carolina Almeida, de 11, em Jataizinho, no norte do Paraná. No entanto, a Polícia Civil confirmou que não há provas contra ele. Outro homem foi preso após confessar o crime.
Em entrevista à RPC, Reginaldo relatou as agressões que sofreu no dia 26 de março, quatro dias após a descoberta dos corpos. Na época, sem suspeitos claros, imagens de câmeras de segurança o mostraram caminhando pela região no dia do crime, o que o colocou sob suspeita.
Conhecido como “Javali”, ele contou que foi espancado por moradores da cidade, sofrendo fratura no maxilar e ferimentos na cabeça. “Destruíram a casa. Acabaram com a minha vida. Peguei até trauma daquele lugar. Tenho medo até hoje da turma aparecer e me agredir de novo”, disse.
Além da violência da população, Reginaldo afirma ter sido agredido por policiais enquanto era conduzido para exames médicos. “Eu falava que era inocente, e aí que batiam mais”, contou.
Durante o tempo em que ficou detido na Penitenciária Estadual de Londrina II, Reginaldo descreve ter se sentido desorientado. “Eu nem sabia de nada. Só pensava: ‘Meu Deus do céu, como alguém faz isso com uma criança?’”, relatou, emocionado.
Segundo seu advogado, Claudinei de Oliveira, Reginaldo também teve o estado de saúde agravado devido à falta de medicação para o tratamento contínuo de cirrose hepática, doença que ele possui.
A liberdade foi concedida na sexta-feira (9), mesmo dia em que o delegado Vitor Dutra afirmou que o vídeo que embasou a suspeita não tinha valor probatório e que Reginaldo não teria capacidade de escrever a mensagem deixada com sangue na cena do crime. Ainda assim, a prisão foi mantida por mais de um mês para averiguação. “Facas com material biológico foram encontradas na casa dele, e a população o apontava como autor. A perícia era necessária para esclarecer”, justificou o delegado.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP-PR) declarou que Reginaldo só informou sobre sua condição de saúde no dia 30 de abril e que o medicamento necessário não é fornecido pelo sistema penitenciário. A nota, no entanto, não comenta as denúncias de agressão.
fonte: g1.globo