Não foi uma vitória simples. Ela venceu o Covid-19 e venceu também a temida intubação. Atualmente, 80% das pessoas intubadas não estão voltando para sua família…
Foram 11 dias intubada e 85% do pulmão comprometido… A centenariense Karina Natalia da Silva Luz, e que Luz, 40 anos, sem nenhuma comorbidade, não só venceu o Covid, ela guerreou duramente contra ele.
Ela fez uma cidade inteira parar em oração. Diante disso, decidimos entrar em contato para que ela contasse parte dessa batalha. Veja nossa breve entrevista com essa mulher que ganhou uma segunda vida:
Como era a Karina antes do COVID-19, tomava todas as precauções ou achava alguma coisa exagerada quanto às recomendações?
“Eu tomava precauções sim, mas ainda me reuni com um ou dois casais. Não que não levasse a sério a pandemia, mas tentava viver uma vida “normal”, tomando os cuidados necessários”.
Como foi os primeiros sintomas, o que você sentiu? Do diagnóstico ao internamento, ficou muito tempo em casa? Acha que demorou em procurar um hospital?
“Meu marido teve sintomas primeiro, se contaminou no trabalho, tive os primeiros sintomas um dia depois dele. Já ficamos isolados e esperando pra fazer o teste. Eu tinha muita tosse e um pouco de febre. Tive os primeiros sintomas dia 9 de fevereiro e dia 15 fui para o hospital do coração em Londrina. Nesse meio tempo eu fui muito bem atendida em Centenário mesmo, eles mediam minha saturação e febre. Eu acredito que procurei no momento certo. Eu já estava com muita tosse e sintomas de gripe forte…”
Você fez tratamento precoce? Tomou todos aqueles remédios famosos que o pessoal fala… Ivermectina, Cloroquina…
“Eu tomei ivermectina e azitromicina, cloroquina não”.
As primeiras horas no hospital… você chegou ao hospital em estado grave ou ficou em enfermeira? Quantos dias ficou intubada? O que você pensou, o que falou para pessoas mais próximas e para o médico no momento da intubação?
“Cheguei ao pronto socorro do hospital do coração Bella Suíça as 14 h da segunda dia 15, internei e já estava muito mal. Fiquei no quarto já com mascara de oxigênio até quinta de manhã, que foi quando fui pra UTI. Lá tentaram colocar aquele capacete de plástico, o Elmo, só que sem sucesso. Me senti extremamente mal com ele e sem ar. Tive aproximadamente 85 % dos pulmões comprometidos e tive embolia pulmonar. O que deixou meu estado gravíssimo..teve um dia dos médicos chamarem meus pais e o meu marido pra dizer que tinham feito tudo que era possível… Em um determinado momento tudo se apagou da minha memória. Na sexta na hora do almoço eu intubei. Também não consigo me lembrar de nada. Assim fiquei 11 dias. Pra mim foi um sono profundo. Fui extubada na madrugada de domingo pra segunda, dia 01 de março. Tenho algumas lembranças, só que eu alucinava muito por conta dos medicamentos. Então nem tudo que me lembro pode ser real”.
Passou pela sua cabeça que você poderia não voltar? Quando você foi extubada qual foi à primeira coisa que você sentiu?
“A primeira médica que tenho lembrança de falar comigo pós extubada perguntou como eu me sentia, se eu já tinha agradecido a Deus pela minha vida e disse assim: “você é nosso milagrinho”. Depois disso, minha mãe veio conversar comigo e me explicar tudo… pra mim eu tinha dormido num dia e acordado no outro. Foi quando ela me explicou tudo. Disse da grande comoção que estava sendo meu caso. Que tinha repercutido em partes do Brasil e vários lugares do exterior. Foram pessoas de todos os cantos dessa terra que oraram por mim. Tenho total e absoluta certeza que isso que fez toda diferença pra minha cura Alison. Me emociono só de relatar aqui”.
Como foi fisicamente pós intubação?
“Eu fui extubada na segunda quase amanhecendo, terça de manhã tive alta da UTI. Já estava respirando sozinha, conversando e comendo. Fiquei ainda no hospital, sob cuidados do meu marido Sebastian que era meu cérebro. Por conta da intubação perdi muita massa muscular, não conseguia andar e comer sozinha, fazer as coisas mais simples do dia a dia. Ele que me ajudava…”
Você chegou a ver todas as manifestações de apoio do povo de Centenário do Sul durante seu internamento? A cidade se uniu em orações por você…
“Quando liguei meu celular depois de 13 dias desligado ele entrou em pane hehehehehehe Eram muuuuuitass mensagens. Sms, Instagram, Messenger, Facebook e whatsapp. Pessoas que eu nem conhecia mandando mensagem… Eu li todas. Mas não consegui responder por que estava muito franca ainda. Não tinha coordenação motora pra digitar e nem fôlego pra fazer áudio… O primeiro áudio que gravei foi pra agradecer as pessoas foi no celular do meu marido que já tava fazendo boletins diários sobre meu estado pros amigos e familiares… Aí ele mandou esse áudio pra eles com a minha voz”.
Como você se sente vendo algumas pessoas que não acreditam muito na doença, não acreditam que estão morrendo tanta gente…
“Eu vejo com total ignorância e desrespeito. Não é possível que algumas pessoas vendo tantas outras morrendo, ainda não levam a sério essa situação toda. Acho uma total falta de empatia, de amor e respeito. Infelizmente alguns só aprendem quando sentem na pele e posso afirmar, não queiram sentir. Eu estou me recuperando, mas ainda tenho os traumas, tenho poucas lembranças, mas algumas que gostaria de não ter. É muito sofrido mesmo…”
Como está sendo o período pós-hospital… Quais são as orientações de recuperação em casa?
“Eu estou me recuperando melhor que o esperado. Começo foi extremamente difícil, não conseguia fazer nada sozinha. Hoje graças a Deus e a fisioterapia estou bem melhor. A recomendação dos médicos que cuidaram de mim é isolamento até a minha imunidade melhorar. Então saio de casa pra dar uma volta de carro com o marido, pra eu não pirar de ficar só dentro de casa. Mas só isso”.
Para finalizar, quer deixar algum recado para o pessoal que tanto orou por você…
“Com certeza. Eu sempre agradeço a Deus primeiro, toda hora estou agradecendo, pois foi me dado uma segunda chance, Deus fez um milagre na minha vida. Minha família que tanto sofreu aqui na espera, mas sempre confiantes, com fé e esperando minha volta. Não me canso também de agradecer aos profissionais de saúde, tanto de Centenário, quanto os do hospital do coração, que foram anjos… fui muito bem cuidada por todos. E a todas as pessoas que estiveram em oração por mim. Qualquer coisa que eu disser será pouco perto da gratidão que sinto. O que faço, é todos os dias orar por todos. E faço com maior amor do mundo, por que sei que foram as orações dessas pessoas que me ajudaram a vencer”.