A Polícia Federal (PF) investiga o suposto envolvimento do atacante do Flamengo, Bruno Henrique, em um esquema ilegal de apostas em corridas de cavalos, conhecido como turfe, com a participação direta de seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior.
Segundo informações obtidas pelo Metrópoles junto a investigadores da PF, as apurações preliminares indicam que o jogador e o irmão realizavam apostas em corridas de cavalo — uma prática tradicional no mundo esportivo, mas que não possui autorização legal no Brasil, exceto quando promovida por entidades específicas, como clubes de jóquei.
Mensagens extraídas do celular de Wander, parcialmente apagadas por Bruno Henrique em seu próprio aparelho, revelam diálogos suspeitos. Em uma das conversas, o atleta pede “10 conto” (R$ 10 mil) via Pix ao irmão. Ao ser alertado por Wander de que o nome dele apareceria nas transações, Bruno responde: “Vai dar ruim? […] Parada de cavalo”. O conteúdo reforça a linha de investigação sobre o envolvimento dos dois no esquema.
De acordo com norma do Ministério da Fazenda, regulamentada no final de 2024, apenas provas de velocidade com cavalos promovidas fora do circuito de turfe são permitidas. A modalidade, contudo, era justamente aquela onde as apostas teriam sido realizadas.
O Metrópoles apurou que poucas plataformas no Brasil oferecem apostas nesse tipo específico de corrida, com a maioria autorizada apenas para eventos como vaquejadas.
Além disso, o jogador foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por crimes como manipulação de resultados esportivos, estelionato consumado em coautoria e tentativa de estelionato (duas vezes). A denúncia inclui provas de que Bruno Henrique teria, a pedido do irmão, forçado um cartão amarelo em uma partida para beneficiar um grupo de apostadores.
O episódio ocorreu em 1º de novembro de 2023, no jogo entre Flamengo e Santos. Após ser avisado sobre a manipulação, Wander repassou a informação a familiares e amigos ligados a apostas. De forma coordenada, eles apostaram especificamente na punição de Bruno Henrique, que de fato ocorreu nos minutos finais da partida — seguido ainda de um cartão vermelho por reclamação ao árbitro.
A investigação identificou que a maioria das contas usadas nas apostas foram recém-criadas, e mais de 95% das apostas feitas naquele mercado foram direcionadas exclusivamente ao cartão amarelo do jogador — comportamento atípico que reforça a tese de fraude.
As plataformas Betano, GaleraBet e KTO confirmaram a concentração incomum de apostas nesse único evento. O MP pede, ao fim, uma indenização de R$ 2 milhões dos envolvidos.
A denúncia, protocolada na quarta-feira (11/6), acompanha o pedido de indiciamento feito pela PF, que identificou o envolvimento de Bruno Henrique e de outras nove pessoas no esquema.
Em nota enviada ao Metrópoles, a defesa do jogador classificou a acusação como “insubsistente e oportunista”, destacando sua coincidência com a divulgação da lista de jogadores inscritos para o Super Mundial de Clubes da FIFA, na qual Bruno Henrique foi incluído.
“As indevidas acusações formuladas serão técnica e imediatamente refutadas no processo”, afirma a nota.
fonte: metrópoles