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(Brasília – DF, 24/04/2019) Pronunciamento do Presidente da República, Jair Bolsonaro.
Bolsonaro pressionou por relatório que indicasse fraude nas urnas, diz Mauro Cid
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou em sua delação premiada que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, para que o relatório das Forças Armadas sobre as eleições de 2022 indicasse a existência de fraude no processo eleitoral.
De acordo com Cid, Bolsonaro não aceitava um parecer que não apontasse irregularidades e insistia para que o documento fosse redigido de forma a sugerir problemas na segurança das urnas eletrônicas.
A pressão sobre o Ministério da Defesa
Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Cid detalhou a situação:
Alexandre de Moraes: “A comissão do Exército, no dia seguinte à eleição, fez o laudo constatando que não havia nenhum problema. Tanto que o general Paulo Sérgio, ministro da Defesa, pediu e marcou uma reunião comigo, como presidente do TSE, para terça-feira. E terça de manhã ele ligou pedindo desculpas, desmarcando a reunião porque o presidente tinha chamado. E aí foi mais um mês. Em outras palavras, ele foi proibido de mostrar o laudo que não tinha nenhum problema. Disso o senhor tem ciência?”
Mauro Cid: “Eu tô lembrando do caso. O que aconteceu foi realmente isso. Inicialmente, o general Paulo Sérgio, a conclusão dele seria essa [que não houve fraude]. E o presidente estava pressionando ele para que escrevesse isso de outra forma. Ele queria que escrevesse alguma coisa que não… Na verdade, o presidente queria que escrevesse que tivesse fraude. Então, foi feita uma construção ali e o que acabou saindo, eu acho, foi que não se poderia comprovar porque não era possível auditar. Acho que foi isso a conclusão final quando ele enviou o documento para o senhor, se não estou enganado.”
O relatório das Forças Armadas
O documento oficial, elaborado pelas Forças Armadas e enviado pelo Ministério da Defesa ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dez dias após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não constatou irregularidades no pleito. No entanto, a pasta divulgou uma nota no dia seguinte ao envio do relatório, afirmando que não seria possível excluir totalmente a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas.
“O Ministério da Defesa esclarece que o acurado trabalho da equipe de técnicos militares na fiscalização do sistema eletrônico de votação, embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”, declarou a pasta em 10 de novembro de 2022.
A revelação da tentativa de interferência no relatório das Forças Armadas reforça as investigações sobre a conduta do ex-presidente Bolsonaro em relação ao sistema eleitoral e ao resultado das eleições de 2022.
Aqui está a reportagem reformulada com mais clareza e objetividade. Caso queira ajustes ou acréscimos, me avise!