Uma aluna de uma escola estadual de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, afirma ter sido constrangida em frente aos seus colegas por estar usando uma roupa considerada inadequada. De acordo com a estudante, uma adolescente de 13 anos de idade, a coordenadora pedagógica a retirou da sala de aula e obrigou que ela trocasse de roupa, alegando que a garota “se exibia” para os demais alunos.
A roupa que a jovem vestia e que causou tanta polêmica era uma meia-calça preta com um short jeans por cima, um par de tênis e uma blusa de manga comprida. De acordo com a mãe da estudante, a pedagoga teria falado par os demais alunos que a aluna estaria “se mostrando”.
“Na hora em que eu fui conversar com ela, ela começou a falar que eu estava me colocando naquela posição, que ela não tinha feio nada de errado e que eu é que me coloquei naquela posição por causa da vestimenta. Eu me senti constrangida né, porque eu sei que a as pessoas vão pensar, podem pensar as mesmas coisas né, podem falar coisas assim, mas eu não sei como reagir”,
conta a menina.
Um áudio gravado por uma colega da menina encaminhado à reportagem da RICtv registra as explicações da diretora da escola após o acontecimento. Na gravação, ela explica que o uniforme é obrigatório, mas que os alunos podem usar outras roupas, desde que seguindo algumas regras.
“Quem não tem uniforme, venha com uma roupa adequada, de preferência uma calça preta ou o mais escuro que puder, sem rasgo, sem furos. O que é o máximo aceitável? Um rasguinho discretíssimo, que até os professores usam, é aceitável. Agora, shorts, bermuda curta, rasgo até aqui, mostrando barriga… menino também. Quantas vezes nós já ligamos pros meninos que vêm com a calça rasgada, quase mostrando a ‘zorba’, a cueca”, fala a diretora na gravação.
A mãe da estudante afirma que concorda com exigência do uniforme, mas reclama da forma como o assunto foi abordado.
“Ela passou dos limites como pedagoga porque eu acho que uma pedagoga tem a função de acolher o aluno e não de humilhar em sala de aula ou de expor qual seja o motivo. A conduta correta seria ela ter chamado a minha filha para fora da sala de aula e ter entrado em contato comigo falando, ‘mãe, estamos com um problema com a sua filha referente ao uniforme. Venha na escola para a gente conversar’. Isso não foi feito, ela preferiu abordar a aluna e ainda depois, na conversa que tivemos, ela quis dizer que eu não era uma boa mãe porque não via a roupa que minha filha saía de casa”, conta a mãe da adolescente.
Após o caso, mãe e filha registraram um boletim de ocorrência e contrataram um advogado para cuidar do caso. O próximo passo deve ser um pedido de indenização.
“E uma prática totalmente vexatória e até mesmo criminosa, e pretendemos fazer com que se proceda a retratação de parte da instituição de ensino e, posteriormente uma indenização da escola, porque essa é uma situação sem precedentes”, explica Matheus Bezerra, advogado que representa a família.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEED), não autorizou que a diretora da escola fosse entrevistada e se pronunciou por meio de nota oficial.
O texto afirma que a aluna foi a aula sem utilizar o uniforme escolar. Ressalta que a escola permite que os estudantes que não têm o uniforme possam ir a aula com outras roupas, desde que a camiseta e a calça estejam dentro do padrão exigido pela instituição. A nota diz ainda que a estudante que se sentiu constrangida foi ouvida pela direção, assim como ao mãe dela. E que a pedagoga também foi chamada para uma conversa e se desculpou com as duas.
A mãe da jovem, no entanto, não confirma essa versão. “Eu não voltei mais lá, não conversei mais com a diretora, não conversei mais com a pedagoga”, afirma. Ela se diz indignada com a maneira com que a questão foi conduzida e quer que a filha mude de escola.
“Quanto ao uso do uniforme, tudo bem, não é isto que eu estou questionando. O que eu estou questionando é a conduta da pedagoga dentro da sala de aula. Estou tentando vaga em outras escolas, mas a Secretaria de Educação diz que não tem essas vagas disponíveis nas escolas próximas da minha região. Ela está sem ir para a escola, eu já procurei uma psicóloga e vamos ver o que vai ser feito”, complementa a mãe da estudante.