Além de serem companheiros fiéis, os cães também podem atuar como importantes aliados na medicina. Um novo estudo conduzido por cientistas britânicos demonstrou que cães treinados são capazes de detectar a Doença de Parkinson apenas pelo cheiro da pele de pacientes — e o mais impressionante: anos antes do surgimento dos primeiros sintomas.
A pesquisa foi realizada pela organização Medical Detection Dogs em parceria com as universidades de Bristol e Manchester, no Reino Unido. Os resultados foram publicados na segunda-feira (14/7), no periódico The Journal of Parkinson’s Disease.
“Estamos extremamente orgulhosos de mostrar que, mais uma vez, os cães podem detectar doenças com grande precisão. O diagnóstico precoce é essencial para retardar a progressão da enfermidade e amenizar seus sintomas”, afirmou Claire Guest, CEO da Medical Detection Dogs e coautora do artigo.
Como os cães foram treinados?
Dois cães — Bumper, um Golden Retriever, e Peanut, um Labrador — passaram por um treinamento intensivo com mais de 200 amostras de sebo de pessoas com e sem Parkinson. Durante testes duplo-cegos (nos quais nem os pesquisadores nem os participantes sabiam quais amostras eram positivas), os resultados foram surpreendentes:
- Sensibilidade de até 80% para identificar corretamente pacientes com a doença;
- Especificidade de até 98% ao descartar corretamente indivíduos sem a enfermidade.
Os cães também foram capazes de identificar amostras positivas entre pacientes com outras condições de saúde, demonstrando alta precisão na detecção dos biomarcadores associados ao Parkinson. A cada acerto, os animais eram recompensados com reforços positivos.
Por que isso é importante?
Hoje, o diagnóstico da Doença de Parkinson ainda depende majoritariamente da observação clínica de sintomas — que podem levar até 20 anos para aparecer. Ainda não há um exame definitivo para a detecção da enfermidade.
A descoberta de que cães podem identificar a doença por meio de odores presentes na pele oferece uma nova perspectiva para o diagnóstico precoce, por meio de marcadores olfativos. Isso pode representar um avanço importante no desenvolvimento de métodos rápidos, não invasivos e acessíveis.
“A busca por biomarcadores confiáveis para o Parkinson é intensa. Esses níveis de sensibilidade e especificidade vão muito além do acaso. Os cães têm um potencial extraordinário para nos ajudar a criar um teste eficaz e de baixo custo”, afirmou Nicola Rooney, professora da Universidade de Bristol e autora principal do estudo.
Entenda o Parkinson:
- É uma doença crônica e progressiva causada pela degeneração de células cerebrais;
- Afeta principalmente pessoas com mais de 65 anos, mas pode surgir em outras faixas etárias;
- Compromete funções motoras, causando lentidão nos movimentos, tremores e rigidez muscular;
- Também pode provocar alterações no olfato, no sono, no humor e na função urinária;
- Cerca de 30% dos pacientes desenvolvem demência associada à doença.
Fonte: metrópoles