O tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros deve provocar impactos severos na economia nacional, com reflexos diretos no Paraná. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o estado será o terceiro mais afetado pelas tarifas, com perdas estimadas em R$ 1,9 bilhão no Produto Interno Bruto (PIB).
Em todo o país, o prejuízo pode alcançar R$ 52 bilhões nas exportações, com uma retração de 0,16% no PIB nacional e a possível eliminação de até 110 mil empregos formais, em razão da queda nas vendas externas.
No Paraná, os efeitos já começaram a ser sentidos. Uma indústria do setor madeireiro concedeu férias coletivas a 700 funcionários, de forma preventiva, diante do temor de uma queda abrupta nas encomendas vindas dos EUA — um de seus principais mercados.
Além do Paraná, São Paulo (com R$ 4,4 bilhões em perdas) e o Rio Grande do Sul (também com R$ 1,9 bilhão) estão entre os estados mais atingidos, seguidos por Santa Catarina (R$ 1,7 bilhão) e Minas Gerais (R$ 1,6 bilhão).
Entre os setores mais afetados estão os de tratores e máquinas agrícolas, aeronaves, embarcações e equipamentos de transporte, além da indústria avícola. O Paraná exporta cerca de US$ 1,5 bilhão por ano para os Estados Unidos, tendo atingido US$ 735 milhões até junho deste ano.
As exportações paranaenses incluem mais de 90 grupos de produtos, como madeira e derivados (MDF, portas, esquadrias), máquinas, combustíveis minerais, plásticos, alumínio, açúcar, café, adubos, borracha, produtos farmacêuticos, móveis e óleos vegetais.
Um dos segmentos mais ameaçados é o da piscicultura. O Paraná é o maior exportador brasileiro de filé de tilápia para os EUA, principalmente a partir da região Oeste do estado. Segundo Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR, o tarifaço atinge em cheio o setor de pescados e pode causar perdas expressivas, afetando especialmente os pequenos produtores, que representam 90% da atividade no país.
Com a queda na demanda externa, os preços internos devem despencar, agravando os prejuízos e comprometendo a renda de milhares de famílias que dependem da atividade.
Apesar das retaliações comerciais, os próprios Estados Unidos também deverão sentir os efeitos das tarifas. A CNI projeta uma queda de 0,37% no PIB norte-americano. Atualmente, os EUA são o terceiro principal parceiro comercial do Brasil, destino de 12% das exportações nacionais e origem de 16% das importações. Em 2024, responderam por 78,2% das vendas externas da indústria de transformação brasileira.
A repercussão chegou ao Congresso Nacional. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que a situação precisa ser tratada com “firmeza, resiliência e serenidade”. Já o presidente da Câmara, Hugo Motta, declarou que “o Brasil não pode permitir que decisões externas ameacem sua soberania”.
fonte: taroba