A comediante Juliana Oliveira registrou uma denúncia criminal contra o apresentador Otávio Mesquita no Ministério Público de São Paulo (MP-SP), acusando-o de estupro durante uma gravação do *The Noite*, programa exibido pelo SBT. Juliana trabalhou como assistente de palco e produtora no programa até o ano passado. A informação foi divulgada pela colunista Mônica Bergamo, da *Folha de S.Paulo*.
O episódio ocorreu em 25 de abril de 2016. Segundo a denúncia, Mesquita teria tocado nas partes íntimas de Juliana sem consentimento, mesmo diante de sua resistência. A defesa da comediante argumenta que o caso se enquadra como estupro, já que a legislação penal brasileira considera crime qualquer ato libidinoso mediante violência ou coação, independentemente de penetração.
Os advogados Hédio Silva Jr. e Silvia Souza, representantes de Juliana, afirmam que as imagens da gravação mostram claramente sua tentativa de se livrar do abuso, com tapas e chutes, comprovando a falta de consentimento. Além disso, destacam que a exibição do ocorrido na TV agravou o constrangimento e os danos à dignidade da vítima.
O incidente teria acontecido nos primeiros minutos do programa, quando Mesquita, então convidado, fez uma entrada inusitada no palco, suspenso por cabos e de cabeça para baixo, ao som da trilha do *Batman*. Juliana se aproximou para ajudá-lo a retirar os equipamentos de segurança, momento em que, segundo a acusação, ele tocou seus seios e região genital. Em seguida, ao se virar, Mesquita a envolveu com as pernas e simulou uma relação sexual.
A cena continuou quando ele a empurrou sobre um sofá e repetiu gestos sugestivos. Durante a gravação, Danilo Gentili comentou:
“Juliana está fazendo cara feia, mas eu sei que ela gostou.”
Mais tarde, o próprio Mesquita brincou:
“Eu vou falar uma coisa que ninguém fez na sua história, fora seus namorados. Sem querer, dei uma apertada nas peitocas dela… ‘é durinho’, ‘é durinho’.”
Otávio Mesquita nega qualquer crime e afirma que tudo foi uma encenação combinada previamente com Juliana. Em entrevista à *Folha*, sugeriu que a denúncia só surgiu agora por ressentimento, já que ela foi demitida em 2025.
“É um absurdo. Aquilo foi gravado. Ela demorou nove anos e só fez isso agora porque foi demitida e está chateada. A minha ex-mulher e o meu filho estavam lá na plateia. Não houve um estupro. Foi uma brincadeira”, declarou.
O apresentador também afirmou que tomará medidas legais contra Juliana por danos à sua imagem.
O MP-SP analisa o caso. A defesa de Juliana sustenta que há elementos suficientes para o avanço da denúncia, incluindo as imagens e o comportamento da vítima durante a cena. Seus advogados pedem a responsabilização criminal de Mesquita e destacam que a exibição do episódio na TV ampliou os danos sofridos.