A safra de grãos 2021/2022 no Paraná poderá somar 36,2 milhões de toneladas, volume 8% superior ao do ciclo passado. A área total, de 10,82 milhões de hectares, é 3% maior. As informações são do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
O relatório mensal, divulgado nesta quinta-feira (31), inclui a primeira estimativa da safra de inverno, cuja produção deve ser de 4,75 milhões de toneladas em 1,54 milhão de hectares. Do total, 3,87 milhões de toneladas correspondem ao trigo, volume 21% maior do que na safra passada. A área de cultivo de trigo deve ter uma redução de 4% na comparação com o ano anterior – totalizando 1,17 mil hectares.
ESTIAGEM
Também foram atualizados os dados relativos à safra de verão. Os números constatam o forte impacto negativo da longa estiagem no Paraná sobre a produção de grãos. Na reta final da colheita da soja, avalia-se que as perdas se aproximem de 45% na comparação com a estimativa inicial, que era de 21,1 milhões de toneladas. Agora, a produção estimada é de 11,58 milhões de toneladas. São 9,5 milhões a menos.
Com relação ao milho da primeira safra, cuja colheita também se aproxima da reta final, as perdas são de 32%. Essas perdas, tanto da soja quanto do milho, impactam também o mercado de ração, importante para a avicultura, piscicultura, suinocultura e pecuária leiteira, por exemplo.
Quanto às segundas safras de milho e feijão, as estimativas são mais otimistas. A produção de feijão está estimada em 585,57 mil toneladas. “Isso é muito bom para o abastecimento e para tentar normalizar os preços, em que pese o quadro agudo de inflação que o Brasil ainda vive”, afirma o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. A segunda safra de milho tem perspectiva de chegar a 15,9 milhões de toneladas. “Estamos com um melhor regime de chuvas em todo o Paraná. A perspectiva é de colher boa safra, se o clima colaborar”, acrescenta.
Na semana passada, a Seab e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná) divulgaram notas técnicas sobre a importância dos fertilizantes, particularmente o importado da Rússia, para a agricultura nacional e paranaense. Segundo o chefe do Deral, Salatiel Turra, embora os preços dos insumos estejam altos, parte do volume de fertilizantes foi comprado com certa antecedência pelos produtores. “No entanto, para as próximas safras podemos ter consequências preocupantes em termos econômicos, considerando os custos de produção”, explica.
TRIGO
A primeira projeção de área de trigo para o Paraná mostra ligeiro recuo em relação ao ano anterior. Apesar dos valores expressivos recebidos pelos produtores, os custos também estão em patamar alto, o que dificultou aumento de área ao exigir grandes investimentos. A partir de abril, há expectativa de que seja semeada uma área de 1,17 milhão de hectares, 4% menor que a plantada em 2021, de 1,23 milhão de hectares. Esse recuo é mais intenso na região Oeste, onde a segunda safra de milho retomou parte das áreas que havia perdido por falta de tempo hábil para plantio em 2021. A maior possibilidade de retorno com milho também gerou recuos de expectativa para a área de trigo na metade norte do Paraná.
No Sul e Sudoeste, onde as geadas impedem o plantio de milho na maioria dos municípios, a expectativa é outra. Nessas regiões mais frias há incremento de área, porém de maneira tímida em função da instabilidade de preços de venda do cereal, que estão oscilando próximos aos custos variáveis. Nesta semana, com avanços nas negociações de paz no Leste Europeu, o Real tem se valorizado e as cotações de trigo em Chicago (EUA) voltaram a ficar abaixo de US$ 10,00 o bushel. Essa combinação refletiu nos preços de balcão no Paraná, que novamente estão abaixo de R$ 100,00 na maioria das praças.
Segundo o agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho, o custo médio para produzir uma saca de trigo no Paraná foi estimado em R$ 93,44, com preços levantados antes do início da invasão russa e seus subsequentes desdobramentos para os valores de fertilizantes. “Ou seja, as margens dos produtores estão bastante limitadas nas referências atuais, mas um futuro aumento na lucratividade poderia ainda incentivar um crescimento de área, visto que o plantio de trigo se estende até julho”, explica. O Deral estima que sejam produzidas 3,87 milhões de toneladas de trigo nesta safra, volume 21% maior ao registrado no ciclo 20/21, de 3,2 milhões de toneladas.
CAFÉ
No mercado internacional, o preço do café subiu mais de 60% nos últimos 12 meses, em razão da quebra na safra brasileira, pelo clima e por fatores logísticos. No mercado interno, o produtor não se beneficiou dos altos preços porque enfrentou também aumento nos custos de produção. Em fevereiro do ano passado, os produtores paranaenses receberam R$ 606,00 pela saca de 60 kg. Em fevereiro de 2022, o preço chegou a R$ 1.400.
O levantamento do Deral confirma a expectativa de redução de 36% do volume em relação ao ano passado. Estima-se que sejam produzidas 33,9 toneladas de café no ciclo 21/22, contra 53,3 mil toneladas produzidas na safra anterior. A área, estimada em 27,8 mil hectares, é 16% menor.
Segundo o economista do Deral, Paulo Franzini, a produção no campo está sendo beneficiada pela regularidade das chuvas em janeiro. “Os produtores paranaenses esperam por uma recuperação nas lavouras no próximo ano, mas isso depende dos valores dos insumos”, diz. Na próxima semana, a ExpoLondrina recebe o 28º Encontro Estadual de Cafeicultores, onde devem ser debatidos aspectos importantes do mercado e da comercialização do café.
BOLETIM SEMANAL
Também nesta quinta-feira (31) foi publicado pelo Deral o Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 22 a 28 de março. Ele traz informações sobre o início da colheita da segunda safra de tomate, com expectativa de chegar a 78 mil toneladas. Na primeira safra, encerrada em dezembro, foram produzidas 132 mil toneladas. Entre outros produtos, o documento também analisa a situação da ovinocultura no Paraná que, em 2020, foi responsável por 575 mil cabeças, o que corresponde a 3% do rebanho nacional. Há ainda informações sobre pecuária leiteira e de corte e mel.
SOJA 2021/22
Estima-se que o Paraná produza aproximadamente 11,6 milhões de toneladas de soja. Esse volume representa uma quebra de 45% com relação às estimativas iniciais, que indicavam uma produção de 21,1 milhões de toneladas. As perdas se devem às adversidades climáticas registradas no final de 2021 e início de 2022.
Nesta semana, a colheita atingiu 83% da área cultivada, chegando a 4,70 milhões dos 5,66 milhões de hectares semeados. No mesmo período do ano passado, o índice era de 75% – o que se explica pelo plantio tardio. Segundo o economista do Deral, Marcelo Garrido, a colheita deve se encerrar nas próximas semanas se o clima colaborar. Entre as lavouras ainda não colhidas, as condições são 59% boas, 29% medianas e 12% ruins. O relatório aponta ainda que 9% das lavouras estão em fase de frutificação e 91% estão em maturação.
O índice de comercialização mostra um recuo dos produtores comparativamente ao ano passado. Se, neste mesmo período de 2021, a comercialização era de 53%, agora 34% do volume foi comercializado. Com relação aos preços, nesta semana a saca de 60 kg foi comercializada, em média, por R$ 190,00. No ano passado, o valor era de R$ 156,00.
Fonte: tnonline.com