Músicos e artistas paranaenses se juntaram a iniciativa Rock Triste Contra o Coronavírus para arrecadar doações para a compra de cestas básicas e materiais de limpeza para famílias sem-teto e moradores de mais de 95 comunidades carentes pelo país, alcançando 15 mil famílias.
No Paraná, participam as bandas: “Terraplana”, “Tuyo”, “Fogo Caminha Comigo” e o artista Ícaro Vieira, com o projeto “O homem que tinha uma sacola plástica no lugar da cabeça”.
Por meio do site, é possível ouvir as canções e comprar o produto da campanha: um álbum digital. Segundo os organizadores, o dinheiro arrecadado com a compra do disco é enviado ao Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
Fábio Jota, que integra a coordenação do MLB, explica que o movimento atua na luta pelo direito da moradia digna. Por causa da pandemia do coronavírus muitos moradores das comunidades em que o movimento atua foram demitidos.
O grupo paranaense Terraplana fez uma versão da música “Na Sua Estante”, da cantora Pitty, especialmente para o projeto. A banda deu um novo tom a canção, que agora conta com referências do shoegaze, estilo musical pelo qual são conhecidos.
“Para nós, o desafio principal foi rearranjar a canção de uma forma que conseguíssemos trazer as características da nossa banda para o som de um outro artista. Sem perder a identidade que já existia na música, mas trazendo um olhar diferente”, afirma Vinícius Lourenço, vocalista e guitarrista do grupo.
Além das doações arrecadadas, Lourenço acredita que a iniciativa colabora como ferramenta para aumentar a visibilidade de organizações como o MLB.
Jota conta que muitas pessoas conheceram o movimento por meio da coletânea. “Essa visibilidade é importante, porque às vezes atuamos na mesma cidade que a banda, e eles ou os fãs não conheciam o movimento antes”, explica.
Ele também afirma que existe uma troca importante com os artistas das comunidades que o movimento atua.
“É interessante essa aproximação com a cultura. Normalmente existe uma ideia de homogeneidade das pessoas da periferia, mas na periferia tem de tudo: tem gente que faz funk, faz rap mas também tem gente que faz rock, música indie. Existe essa potência das trocas entre os artistas, que é muito importante”, diz.
Não é a primeira vez que os paranaenses da Terraplana usam a relevância local para dar visibilidade a projetos sociais.
Eles contam que em junho as vendas online do site da banda foram revertidas em doações para o Centro Cultural Periférico, projeto curitibano que atua com questões de moradia digna, violência policial e criminalização da pobreza.